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    opinião

    Ter duas estrelas "Michelin" aqui já é um luxo, diz crítico

    JOSIMAR MELO
    CRÍTICO DA FOLHA

    10/04/2015 02h00

    Muitos acharam uma grande decepção que na estreia do guia "Michelin" no Brasil o país não tenha nenhum restaurante três-estrelas para ostentar, e apenas um com duas estrelas. Não achei isso: acho até que a quantidade de estrelas está de bom tamanho.

    Quem esperava que o Brasil entrasse glorioso na constelação talvez não entenda que o guia, sendo internacional, tem que adotar como padrão máximo de qualidade o que há de melhor no mundo.

    Cada guia reflete um tipo de visão. Se o parâmetro for a inventividade, a ousadia, a busca instigante de ingredientes, há chefs daqui que podem estar entre os mais interessantes do mundo.

    Se o critério, como no "Michelin", for a excelência da cozinha combinada a ingredientes impecáveis, ao primor do serviço (o que nem sempre admitem), à regularidade dos pratos –e se a referência para a comparação são as melhores casas da França, Espanha, Japão, Estados Unidos...–, realmente, ter um duas-estrelas aqui já é um luxo.

    Desse ponto de vista geral, o "Michelin" pareceu prudente e correto. No atacado, é essa a dimensão que têm as duas cidades. (Note-se que não é um guia Brasil, é um guia de Rio e São Paulo: da mesma forma que fez em países como Estados Unidos e Japão, o "Michelin" começa pelos principais polos gastronômicos, o que é natural.)

    Resta examinar o varejo –ou seja, cada restaurante escolhido e em que categoria.

    Para um guia conservador, normalmente muito lento em seus julgamentos, surpreende que de cara já ganhem estrelas restaurantes relativamente novos (e portanto, pouco testados em sua consistência), como Lasai (RJ) e Tuju (SP). Mas a boa notícia é que são realmente bons.

    AUSÊNCIAS

    Em muitos casos se poderia discutir que este ou aquele restaurante mereceria (ou não) uma estrela; o mais gritante, porém, são algumas ausências.

    Deixar de fora, com ou sem destaque, casas como Carlota, A bela Sintra (SP) ou Irajá Gastrô (RJ) deve ser no mínimo uma grande distração –ou talvez desconhecimento, já que os "inspetores" (funcionários que julgam os restaurantes) que fizeram esta edição eram estrangeiros.

    Também surpreendem algumas escolhas entre os Bib Gourmands –que seriam algo como os bons e baratos. Em termos de qualidade, não se compreende como estejam incluídas casas paulistanas como L'Entrecôte de Paris ou Zena Caffé em detrimento de um Tappo, por exemplo; e em termos de preços, casas com pratos a R$ 70 ou mais (como o Antonietta) podem ser consideradas boas –mas não exatamente baratas.

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