Centenas de mulheres nicaraguenses pobres optaram, nos últimos anos, pelo uso de fornos solares para preparar alimentos, com o propósito de reduzir o consumo de lenha, proteger o meio ambiente e a saúde humana, informou nesta terça-feira (21) a fundação que promove o projeto.
Os fornos foram elaborados pelas beneficiárias com madeira, lâminas de zinco, vidro e papel alumínio, com a ajuda da Fundação Projeto Solar para Mulheres Nicaraguenses, que trabalha em zonas pobres dos departamentos de Masaya, Granada e Rivas (no sul do país) e León (noroeste).
O forno é "uma caixa com vidro e refletor, de um metro quadrado, que coloca ao sol para economizar lenha", explicou à AFP Mercedes Álvarez, dirigente da Fundação e engenheira química.
Mais de 800 mulheres já foram beneficiadas nos últimos nove anos pela fundação com os fornos, que podem atingir até 200ºC, "a temperatura ótima para cozinhar", disse.
O projeto busca reduzir o uso de lenha e carvão no preparo de alimentos, o que é muito comum nas zonas rurais e semiurbanas da Nicarágua –e uma das principais causas de doenças pulmonares em mulheres, segundo Álvarez.
Os fornos solares são fabricados quase gratuitamente pela Fundação, com uma cooperação de US$ 60 mil (R$ 183 mil) do órgão suíço Frauen Solar Proyeckt Nicaragua.
A prefeitura de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, concedeu ao projeto, em fevereiro, o prêmio de boas práticas de manufatureiras.
Além de facilitar os fornos solares, a Fundação ensina as mulheres a purificar a água que extraem do manto aquífero por meio de poços, já que há falta de redes de água potável no país.
"A água do poço é filtrada com um coador ou pedaço de pano e colocada em uma garrafa de plástico (não até a boca), que é tapada, agitada por 20 segundos; depois, a garrafa é cheia e colocada para esquentar no teto da casa por um período de 6 a 24 horas", explicou Álvarez.
"O aquecimento mata as bactérias" e produz uma água leve e com bom sabor.