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    Receitas suculentas do Manioca amenizam o serviço sofrível

    LUIZA FECAROTTA
    CRÍTICA DA FOLHA

    03/06/2015 02h00

    Come-se um "ovo perfeito", colher por colher, enquanto a Gal dos anos 1970 entoa versos de Caetano Veloso em "Você Não Entende Nada". A receita exige técnica, mas é de uma simplicidade adorável: ovo e pupunha (R$ 35).

    Um cozimento lento, em baixa temperatura, deixa a gema mole a ponto de ela se esparramar no prato ao ser rompida. Sob o ovo, um creme de pupunha assada, areado e leve, cujo preparo leva só clara de ovo e creme de leite.

    O novo Manioca, no shopping Iguatemi, tomou emprestada uma das primeiras receitas que fez fama no Maní, dos mesmos chefs, Helena Rizzo e Daniel Redondo.

    Há outros pratos compartilhados nas duas casas, como o suave capelinni com manteiga de limão e cogumelos salteados no shoyu, que ganha crocância ao receber a companhia de uma "telha" de parmesão, feita do queijo ralado derretido (R$ 58).

    Também se nota crocância no polvo, carnudo, finalizado em um forno de carvão, que lhe dá um gostoso defumado (R$ 69). O arroz-bomba que complementa o prato é al dente e realçado por páprica e por uma maionese de açafrão -esta ajuda (ainda) a dar liga.

    Chama a atenção o ponto dos camarões que protagonizam o fideuá (massa bem fina frita e depois cozida em um caldo do próprio fruto do mar, do qual absorve sabor). A impressão é de que passam rapidamente pela chapa de forma a chegarem à mesa malpassados, suculentos, com textura delicada (R$ 74).

    Servida com mandioca, a costela de porco tem seu sumo conservado no cozimento em baixa temperatura -ao mesmo tempo em que os temperos infiltram na carne e ali permanecem (R$ 57). Nacos de cebola quase crua, que descansam em vinagre e passam pela brasa de carvão, trazem frescor, acidez e riqueza de textura ao prato.

    Comida e ambiente (com ar de fazenda, janelões, tijolo aparente, sofás de couro, móveis de madeira robusta) amenizam a avaria que causa o serviço, ainda sofrível -é possível ficar mais de 20 minutos para conseguir pedir uma bebida.

    A carta de vinhos, aliás, lista opções em taça e meia garrafa (bingo!), mas é uma missão ingrata a espera alongada pela orientação do sommelier -gentil e sabido, demora a chegar à mesa a ponto de remexer os ânimos dos clientes.

    Há alguns caminhos para encerrar a refeição -e são geralmente felizes. Um deles é o sensível mil-folhas com geleia de cupuaçu (R$ 20). Outro, o bolo de chocolate com brigadeiro e sorvete de leite ninho (R$ 28), com gosto de infância. Ou ainda a sobremesa clássica do Maní, "o ovo", que combina sorvete de gemada, espuma de coco e cubinhos de coco crocantes (R$ 28).

    Manioca
    QUANDO: DE SEG. A QUI., DAS 11H30 ÀS 15H30 E DAS 19H ÀS 23H30; SEX., DAS 11H30 ÀS 16H30 E DAS 19H À 0H; DOM., DAS 13H ÀS 23H
    ONDE: SHOPPING IGUATEMI (AV. BRIG. FARIA LIMA, 2.232, JARDIM PAULISTANO; TEL. 11/2924-2333)

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