Criaram o Celler de Can Rosa, na Espanha, sem imaginar que encontrariam uma proposta vanguardista da cozinha tradicional catalã que lhes deu três-estrelas "Michelin" e o título recente de "melhor restaurante do mundo".
Os irmãos Roca não se abalam e seguem se considerando "artesões, mais que artistas", declarou em entrevista à AFP Joan Roca, o mais velho dos três irmãos, que nesta semana está preparando suas receitas em Buenos Aires.
A Argentina é a primeira escala da segunda "turnê" no exterior do restaurante. Os irmãos vão seguir para os Estados Unidos e vão terminar a viagem na Turquia. No caminho, vão selecionando cozinheiros para passar alguns meses em seus fogões.
Eles viajam com uma equipe de 35 pessoas, entre cozinheiros, garçons e sommeliers, esperando foodies, luzes, câmeras e ação.
Joan (de 51 anos, o chef), Josep (de 49, sommelier) e Jordi (de 37, confeiteiro) saíram de sua zona de conforto, com receitas de avós em novas versões, com suas técnicas, e se arriscaram a deleitar com alfajores de morcilla (embutido recheado com sangue), mosaico de locro (ensopado a base de abóbora, feijão e milho) e lagonstins do Ushuaia, suas interpretações de pratos tradicionais argentinos.
"Planejamos o menu como uma homenagem às cozinhas deste país diverso, com produtos de diferentes lugares e latitudes", informaram em uma apresentação na embaixada da Espanha, na segunda-feira (3).
O DOCE GOL DE MESSI
"É um gol sonhado: imaginem uma final com o Brasil e Messi marcando o gol decisivo", disse Jordi Roca.
A partir do relato gravado de uma partida de futebol em que a Argentina venceu o Brasil, ofereceu esta joia gastronômica a uma centena de convidados especiais. A meia esfera tem cheiro de grama, que na realidade é erva-mate moída, com um bombom de doce de leite (suave e com um crocante de chocolate) e um arco perfeito de glacê como a rede do gol.
| Divulgação |
 |
| Sobremesa 'O Gol de Messi' |
TÍTULOS
Em 2009, os Roca receberam sua terceira estrela "Michelin", máxima honra do guia francês.
Há dois meses foram eleitos pela segunda vez o "melhor restaurante do mundo" na lista das 50 melhores casas organizada pela revista britânica "Restaurant".
"São dois reconhecimentos completamente diferentes", disseram os irmãos. São títulos "aos quais agradecemos muito porque dão visibilidade ao projeto, à cultura, à equipe, mas em nenhum caso se pode levá-los muito a sério, nem acreditar que somos o melhor restaurante do mundo", disse Joan.
A MÃE DO CORDEIRO
Foram os avós dos Roca que transmitiram o amor pela cozinha ao gerir a primeira hospedaria familiar em uma área rural a 35 km de Gerona.
Já nos anos 1960, seus pais abriram o restaurante na cidade. "Ainda que sejamos a terceira geração que segue no mundo da cozinha, cada projeto começou do zero", explicou Josep.
A 200 metros do pequeno bar-restaurante de seus pais, onde agora cozinham para as 70 pessoas que trabalham no Celler de Can Roca, fundaram o "restaurante que sonharam", para cerca de 50 pessoas, com uma cozinha de 210 m2 e uma adega com mais de 40.000 garrafas.
"Tivemos a sorte de viver em um momento mágico da gastronomia espanhola, em que houve essa revolução, ou essa evolução a partir de uma cozinha rica e diversa."