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    Brasileira que venceu etapa do Bocuse d'Or diz que há machismo na cozinha

    JUDITH R. SERVÍN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    23/02/2016 15h02

    Alex Vera/ Divulgação
    A brasileira Giovanna Grossi, durante a etapa latino-americana do concurso Bocuse d'Or
    A brasileira Giovanna Grossi, durante a etapa latino-americana do concurso Bocuse d'Or

    "Gio é parte da nossa família; durante o tempo que passou em nosso restaurante, exerceu com paixão seu dia a dia; sua educação e vontade de aprender denotavam que havia desenvolvido o instinto de uma cozinheira."

    É dessa forma que o chef espanhol Quique Dacosta, três-estrelas "Michelin" e número 39 na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, se refere à brasileira Giovanna Grossi, que no último dia 12 ficou em primeiro lugar na etapa latino-americana do concurso Bocuse d'Or, a "Copa do Mundo da gastronomia", realizada no México.

    Aos 24 anos, a alagoana, que passou quatro anos na Europa, já havia passado por outras cozinhas internacionais, como a Maison Pic, na França. Mas, segundo Dacosta, seu desempenho surpreendeu a quem conhece seu temperamento.

    "Sinceramente, por seu temperamento reservado, ainda que jovial, não a imaginaria se apresentando em um concurso de tais dimensões; sempre a imaginei tocando outros projetos gastronômicos, tem jeito e estofo para isso", diz Dacosta. "Mas para minha grata surpresa, ela se apresentou, lutou e ganhou, fazendo jus a sua cozinha elegante, saborosa e com muita técnica", conclui.

    Alex Vera/ Divulgação
    No pódio, a equipe brasileira no Bocuse d'Or
    Equipes vencedoras na etapa latino-americana do Bocuse d'Or

    Na apresentação dos vencedores, o peruano Gastón Acurio, anunciara: "em primeiro lugar, com um trabalho encantador: Brasil". Com isso, Giovanna estará em Lyon para a final mundial do concurso em janeiro de 2017, ao lado dos outros dois finalistas latino-americanos, Jessica Tony, do Uruguai (segundo lugar) e Marcos Saenz de Guatemala (terceiro lugar).

    Após a vitória, a jovem chef não escondia seu contentamento: "fico feliz porque embora haja cada vez mais mulheres na cozinha, o machismo ainda domina este segmento".

    De seu período europeu, na França e na Espanha, aprendeu que "a cozinha francesa clássica é a base de tudo; se não se conhece a base, é difícil conseguir una cozinha moderna como na Espanha".

    Mas ao longo deste ano vai continuar no Brasil, como esteve nos últimos meses (ela venceu a etapa brasileira do concurso em outubro, no Rio de Janeiro). "Meu treinamento vai continuar, com o apoio do chef Laurent Suaudeau. Vou me preparar diariamente. Tenho ainda muito o que aprender."

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