Existe certa inovação no delivery lançado pela Maria Feijão no ano passado, ainda com área de entrega bem restrita. Pede-se feijoada em casa como se estivesse a pedir uma quentinha ao vizinho, mas com profissionalismo.

O pedido chega no tempo acordado ao telefone e exibe a mesma delicadeza nas embalagens: tudo separado, etiquetado, bem acondicionado.

Abre-se, então, o recipiente da feijoada e nos vem à cabeça o sambista Adoniran Barbosa a devorar, madrugada adentro, os feijões com os vários cortes de porco em um botequim na praça da Sé, em mil novecentos e alguma coisa. Chico Buarque a pedir mais água no feijão. Quiçá os ensinamentos de Renato Pompeu, em seu "A Dialética da Feijoada", no qual trata desse prato nacional popular no triângulo Rio-São Paulo-Minas. Fecha digressão.

O feijão, firme, vem em caldo espesso e perfumado, com carne-seca, paio, linguiça, lombo e costelinha defumada.

Por R$ 39 (individual), soma-se ainda a porção de arroz (soltinho), couve (pouco viçosa), farofa de farinha de mandioca (com bacon "que estala", bingo!), laranja e molho de pimenta, intenso.

Como extras, porção de torresmo (crocante, mas pouco carnudo; R$ 8, 250 g) e caldinho de feijão (saboroso, mas ultraespesso, um erro; R$ 6).

Existe boa tentativa em oferecer uma versão vegana (R$ 42) –mas não parece um descompasso?

Bem, na prática, o caldo é mais ralo e menos saboroso, apesar de sinalizar um defumado e de haver boa presença de legumes, em ponto mais resistente, bons de morder.

A farofa sem nada de origem animal é murcha (ainda que haja semente de soja) e o arroz integral não se salva: duro e oleoso.

Ponto para o pavê de receita secreta (R$ 6), que intercala creme branco (doce e leitoso), biscoito maisena e doce de leite denso, para comer de colher, geladinho, ui.

MARIA FEIJÃO
QUANDO: DE QUA. A DOM., DAS 11H30 ÀS 16H30
ONDE: R. JOSÉ MARIA LISBOA, 662, JARDIM PAULISTA; TEL. (11) 3052-1012