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    Viés turístico pode ser bom se não tornar mercado elitista, diz ativista

    MAGÊ FLORES
    DE SÃO PAULO

    02/03/2016 02h00

    "O mercado municipal traz memórias, é onde se comia pastel e se compravam laranjas. Esse valor afetivo está se tornando uma marca", reflete Renato Maluf, professor da Universidade Federal Rural do Rio.

    Equipamentos públicos de abastecimento, como mercados e feiras, têm como função regular o mercado, ao estabelecer preços, e oferecer produtos frescos à população. Segundo a Prefeitura de São Paulo, os mercados assumiram um papel que vai além do abastecimento e funcionam como lugar de convívio social, com estrutura segura.

    No caso do Mercado de Pinheiros, agora renovado, há uma preocupação com a memória e preservação do lugar, principalmente por parte de coletivos como o BatataMemo, que resgata a história do largo da Batata. "A chegada [dos chefs] pode ser positiva, mas o poder público precisa firmar uma política de mercado municipal: qual é a sua função? Caso contrário, pode virar um equipamento de elite", diz a publicitária Fernanda Salles, ativista das causas do bairro.

    Para a acadêmica Isabella Callia, a "implementação de um modelo turístico em um mercado municipal, equipamento público por primazia, pode vir a ser positiva caso estimule a retomada do hábito da população do entorno".

    PREFEITURA

    A parceria que deu fruto aos boxes de biomas foi formalizada por meio de um termo de cooperação entre a prefeitura e o Instituto Atá e não por meio de licitação, como é feito normalmente.

    "A prefeitura resolveu testar um novo modelo com o intuito de oferecer à população local maior variedade gastronômica, acessível e com qualidade. O projeto do Alex Atala foi considerado inovador e pode servir de referência para iniciativas em outros mercados municipais", disse à Folha o prefeito Fernando Haddad (PT).

    Um modelo que agregue um viés turístico não necessariamente se opõe a um papel de abastecimento, de acordo com a presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Christiane Araújo Costa.

    "Precisamos evitar uma visão setorizada da alimentação. Se a pessoa pode provar no mercado uma fruta que ela não conhece, isso é algo integrador. Perdemos muito do entendimento do percurso do alimento", diz. "Essas iniciativas são uma aposta para revitalizar o mercado."

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