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    Sem picanha e filé-mignon, Alex Atala abre casa especializada em carnes

    MAGÊ FLORES
    DE SÃO PAULO

    07/04/2016 02h00

    Carol Gherardi/Divulgação
    O salão do Açougue Central, nova casa de Alex Atala na Vila Madalena
    O salão do Açougue Central, nova casa de Alex Atala na Vila Madalena

    A cada dois dias chegam, de manhã, três carcaças de boi no Açougue Central, nova casa de carnes na Vila Madalena, em São Paulo. É James Rodrigues, açougueiro há mais de 25 anos, que faz o trabalho de destrinchar o animal –algo que aprendeu a fazer quando tinha 12 anos. "É como cortar madeira, se cortar fora do nó, muda até o gosto", diz.

    James faz parte da equipe do terceiro restaurante do chef Alex Atala (proprietário também do premiado D.O.M. e do Dalva e Dito), que abriu as portas nesta terça-feira (5) e tem como proposta o aproveitamento total do boi. Picanha, filé-mignon e bife ancho, no entanto, estão fora do menu. Na casa, eles recebem outros destinos, como a refeição de funcionários.

    "Se o restaurante trabalhasse com elas, seria igual a todos os outros", diz o açougueiro. A intenção no Açougue, explica James, é usar a parte dianteira do boi, menosprezada por "açougues de bairro, que usam um boi mais judiado". O discurso de James é semelhante ao de Atala, que costuma defender que não há cortes ruins, mas bois ruins.

    Os fornecedores do restaurante, Beef Passion e Bosque Velho, trabalham com as raças wagyu e angus. Isso e o modo de criação (com ração de qualidade, liberdade dentro do pasto e tempo adequado de vida dos animais) garantem que a carne seja macia e tenha bom marmoreio (gordura entremeada na carne) também em cortes dianteiros.

    O conceito de Atala para o cardápio, com carnes em diferentes tipos de cocção, acompanhamentos simples e brasileiros e alguns pratos para compartilhar, foi posto em prática pelo chef argentino Alejandro Peyrou, que passou seis meses testando receitas e está à frente da cozinha.

    "Conseguimos aproveitar 100% do boi", conta Alejandro. "Da parte dianteira, grelhamos o acém e o sete de paleta, fazemos ragu com o ossobuco e croquetes com as partes mais duras."

    Carol Gherardi/Divulgação
    Tomahawk, corte da parte dianteira do boi, servido no Açougue Central
    Tomahawk, corte da parte dianteira do boi, servido no Açougue Central

    Os croquetes citados por Alejandro, de carne desfiada e úmida e com pedacinhos de queijo de coalho (R$ 29) são destaque entre as entradas, ao lado do steak tartare com farofa de pão (R$ 45).

    Também é da parte dianteira o tomahawk, corte popular nos Estados Unidos, de carne suculenta, sabor suave e bom marmoreio, que integra o cardápio. A peça grelhada na brasa, de dois quilos, é servida com osso e fatiada no salão (serve de três a quatro pessoas e custa R$ 289). Acompanhamentos, como a mandioca frita em gordura do boi, são cobrados à parte (R$ 23).

    Numa sessão do cardápio chamada de "panela", estão o nhoque de batata com ragu de carne (R$ 62) e o músculo (que se desfaz com o garfo) com purê de cará (R$ 57).

    Há ainda bife de coxão-duro à milanesa com tomate, queijo e salada de folhas (R$ 69) e hambúrguer de patinho (R$ 55). Entre as sobremesas, pudim, tartelette de chocolate e sagu com vinho e creme inglês (R$ 23, cada).

    A partir de segunda-feira (11), a casa terá almoço-executivo, a R$ 49, com salada de entrada, carne e guarnições à vontade –opção para conhecer a casa pagando preços mais em conta.

    O açougue, com ganchos e facas expostas está, assim como a cozinha, às vistas do salão. Com sorte, pode-se ver o açougueiro trabalhando.

    *

    Açougue Central
    Onde r. Girassol, 384, Vila Madalena; tel. (11) 3095-8800
    Quando de seg. a qui., das das 12h às 15h e das 18h à 0h; sex. e sáb., das 12h à 1h; dom., das 12h à 0h

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