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    "Minha mãe me deu a vida duas vezes", diz mãe de menina gestada pela avó

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    29/09/2010 08h38

    A mãe mora na Itália e acompanhou a gestação da própria filha pela internet. Enquanto isso, o bebê crescia no útero da avó, no Brasil. Ontem, nasceu Alice, a protagonista desta história que mais parece filme de ficção.

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    Silva Junior/Folhapress
    Talita Cristina de Andrade em entrevista minutos antes do parto do seu filho na barriga de aluguel de sua mãe
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    A menina foi gerada pela avó, Eunice Martins, 59, de Franca (400 km de São Paulo), porque a mãe, a esteticista Talita Cristina Andrade, 32, não tem útero. A gravidez aconteceu na terceira fertilização in vitro, feita em uma clínica em Ribeirão Preto (313 km de SP). Na primeira, o tratamento falhou e, na segunda, Eunice perdeu os bebês --eram gêmeos.

    No processo de fertilização, os óvulos de Talita (ela tem os ovários) foram fecundados com os espermatozoides do marido, o italiano Guido Damiano. Depois, os embriões foram transferidos para o útero da avó.

    O procedimento é chamado de útero de substituição. O Conselho Federal de Medicina só permite que ele seja feito entre parentes até segundo grau (mãe, irmã, tia), desde que exista um problema médico que impeça a gestação da mulher e não tenha caráter comercial.

    "Quero passar para as mães que estão na mesma condição que eu para não desistir. Nada é impossível", afirmou Talita, minutos antes de a filha nascer.

    Ela e o marido chegaram ao Brasil nesta semana para acompanhar o parto. Talita está tomando hormônios para estimular a produção de leite e pode, assim, amamentar a filha. "É maravilhoso. Só uma mãe mesmo faz isso para a gente. Minha mãe me deu a vida duas vezes."

    Alice nasceu às 11h32 de ontem, por meio de uma cesariana, com 2,285 kg e 45 cm, na Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão. A gestação estava na 36ª semana, e o parto foi antecipado em 15 dias a pedido de Eunice, que é mãe de outros dois filhos, além de Talita.

    "Ela estava sentindo muitas dores na perna. Por haver risco de edema ou trombose, decidimos acatar o pedido dela e antecipar o parto", diz o ginecologista e obstetra Fernando Marcos Gomes.

    Segundo ele, por se tratar de gravidez de alto risco, em razão da idade avançada para a maternidade, Eunice passou por uma minuciosa avaliação, com exames cardiovasculares e hemodinâmicos, antes do tratamento. "Ela tem ótima saúde. A gravidez transcorreu normalmente", disse Gomes.

    A cesárea durou meia hora. Avó e neta passam bem e devem ter alta até sábado. Os pais planejam voltar à Itália com a filha em um mês.

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