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    Estudos mostram quais fatores influenciam tomada de decisões

    JULIANA VINES
    DE SÃO PAULO

    07/01/2014 02h50

    Da próxima vez que perguntarem por que aquelas promessas de ano novo não saíram do papel, diga que a culpa é da sua bexiga. Ou, então, do estresse e das noites mal dormidas.

    Segundo a ciência que estuda a tomada de decisões, mais fatores influenciam as escolhas do que a racionalidade é capaz de prever.

    O exemplo da bexiga é curioso –e controverso. Em um estudo vencedor do prêmio Ig Nobel (paródia do Nobel que elege os trabalhos mais bizarros), pesquisadores holandeses e belgas descobriram que estar com a bexiga cheia ajuda a evitar escolhas impulsivas (veja mais exemplos acima e ao lado).

    "Pode até ser que tenha um efeito secundário, porque você aumenta o nível de autocontrole em função da urgência para urinar, mas tenho minhas dúvidas", diz o psicólogo Paulo Sérgio Boggio, coordenador do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    O grupo de Boggio faz pesquisas sobre a influência de fatores afetivos nas escolhas. "Já sabemos que o cérebro não é uma máquina de fazer contas, mas ainda não conseguimos saber quantas variáveis estão em jogo", diz.

    Uma delas, exemplifica, é a forma como as situações são apresentadas: você faria uma cirurgia se dissessem que o risco de morte é 10%? E se dissessem que a chance de sobreviver é de 90%?

    Segundo a psicóloga Camile Costa Correa, que pesquisa tomada de decisão na Universidade de Amsterdã, na Holanda, o estado de humor, a pressão de uma situação estressante e a privação de sono são empecilhos para escolhas satisfatórias.

    Ela explica que há casos em que é possível driblar as variáveis e decidir melhor. Deixar de ir ao supermercado com fome, por exemplo, pode reduzir a chance de levar produtos muito calóricos.

    "Mas não podemos controlar todos os aspectos, e aceitar isso pode ajudar a diminuir a ansiedade", diz.

    Para o economista Marcos Fernandes, professor da Fundação Getúlio Vargas, conhecer os fatores que influenciam na tomada de decisão pode ajudar a controlá-los (ou prevê-los), o que deixa o processo mais racional e menos impulsivo.
    "Podemos evitar fazer decisões se sabemos que há outros fatores influenciando. Mas temos que lembrar que toda escolha envolve algo irracional", afirma.
    Na opinião de Fernandes, isso não é um problema. "Decisões cruciais só são feitas porque damos saltos no escuro, às vezes. Se fôssemos 100% racionais, não sairíamos de casa."

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