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    Conselho Federal de Medicina aprova nova técnica para tratar próstata aumentada

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    08/01/2014 02h50

    Um parecer aprovado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) abre caminho para a utilização no Brasil de uma técnica menos invasiva para tratar o aumento benigno da próstata (hiperplasia), problema que atinge cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos.

    Trata-se da embolização das artérias da próstata, que pode servir como alternativa a medicamentos e a outros procedimentos cirúrgicos.

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    A técnica foi desenvolvida por médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde vem sendo usada na forma de pesquisa, e já está sob avaliação do governo americano.

    Consiste no uso de um pequeno tubo, que entra pela virilha e, guiado por um aparelho que emite raio X, percorre vasos sanguíneos até a próstata. Lá, uma substância é liberada a fim de obstruir parte do fluxo sanguíneo que alimenta a próstata, favorecendo a redução de seu tamanho e, assim, reduzindo a pressão do órgão sobre a uretra, diz Francisco Carnevale, chefe do serviço de radiologia intervencionista do HC.

    Nela é usada anestesia local, e o paciente pode deixar o hospital no mesmo dia.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Cacilda Pedrosa, relatora do parecer do CFM, diz que ainda será preciso que o conselho aprove uma resolução sobre o tema para que o procedimento seja liberado em definitivo, o que deve ocorrer entre janeiro e fevereiro, diz.

    Segundo Carnevale, o procedimento da embolização já é usado no país, mas para outras finalidades. Por exemplo, para atacar miomas uterinos e tumores no fígado.

    Alberto Azoubel Antunes, urologista que chefia o serviço de próstata do Hospital das Clínicas, explica que a nova técnica beneficia sobretudo pacientes com obstrução leve –a maior parte dos casos–, aliviando sintomas como ardor e urgência para urinar e jato fraco de urina.

    Miguel Srougi, professor titular de urologia da USP, diz que o procedimento foi utilizado em cerca de 60 pacientes nessa fase de pesquisa. Mais de 50 deles voltaram a urinar normalmente, sendo que não houve complicações em nenhum dos casos.

    Segundo Srougi, a técnica é segura e apresentou resultados sólidos, embora haja algumas críticas no meio médico sobre o procedimento. "Se [a técnica] pegar, a cirurgia mais realizada em próstata vai deixar de ser feita num grupo grande de pacientes", afirma o médico.

    PARECER
    Após cerca de quatro anos utilizando a técnica no Brasil dentro de protocolos de pesquisa, o grupo solicitou ao CFM o reconhecimento da nova técnica. Em parecer aprovado no fim de 2013, o conselho reconheceu os benefícios da embolização, chancelando seu uso desde que cumpridos alguns requisitos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Por exemplo, a consulta a um urologista e a realização da técnica por médico formado em radiologia intervencionista credenciado e capacitado para o procedimento. O parecer também vincula a liberação da técnica ao acompanhamento dos resultados, pelo CFM, por até cinco anos.

    Carnevale explica que a proposta é criar centros de capacitação de profissionais para a utilização da técnica em outros hospitais do país, em conjunto com sociedades da área.

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