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    Remédios ganham usos além das indicações da bula

    RICARDO FELTRIN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    15/01/2014 12h00

    A história da medicina é rica em casos de medicamentos que foram desenvolvidos para uma finalidade e acabaram sendo benéficos para o combate de outras doenças.

    "Off label" é o termo em inglês usado para medicamentos que têm mais de uma aplicação, embora não sejam indicados na bula.

    Um exemplo bem antigo é o Dramin, ou dimenidrinato, que foi desenvolvido para combater náuseas e tonturas causadas pela gravidez ou durante viagens em navios ou aviões, mas acabou ganhando uso popular como indutor de sono (um de seus efeitos colaterais).

    Anti-histamínicos, remédios contra alergia, também já foram usados pelos insones. O abuso foi tanto que fabricantes alteraram a fórmula para que as drogas não causassem mais sono.

    Atualmente, a loratadina é vendida com uma formulação que inclui algum medicamento que impeça a sonolência, como a pseudoefedrina.

    Recentemente, outro medicamento que ganhou amplo uso off-label foi o Lyrica, ou pregabalina. Criada com finalidade analgésica, rapidamente a substância passou a ser observada por médicos como uma poderosa estabilizadora de humor. O medicamento hoje é usado também como um suave calmante em pessoas com dificuldades de sono.

    Outro medicamento que, no passado, ganhou duplo uso foi o antiepiléptico Tegretol (carbamazepina). Desenvolvido para combater convulsões e crises epilépticas, o remédio também mostrou utilidade no combate à síndrome de abstinência alcoólica e alguns distúrbios como TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e coadjuvante no tratamento de indivíduos com bipolaridade.

    O mesmo ocorreu com a gabapentina, um anticonvulsivo que passou a ser prescrito como coajuvante em tratamentos contra a depressão e abstinência de drogas.

    Segundo o psiquiatra Danilo Baltieri, do HC, o próprio topiramato foi estudado inicialmente para auxiliar no tratamento de portadores de alguns tipos de diabetes antes de ter suas propriedades anticonvulsivantes descobertas.

    Há também casos clássicos de mau uso "off label", como o que tem ocorrido com a Ritalina, ou metilfenidato. Desenvolvido no combate ao deficit de atenção, o medicamento é usado por jovens em baladas ou para ficar ficar "ligadão". Eles chegam a moer os comprimidos e aspirá-los.

    Um exemplo clássico de remédio que começou a ser desenvolvido com uma finalidade e ganhou outra completamente diferente é o popular Viagra. O laboratório Pfizer procurava uma substância que combatesse a angina, mas acabaram descobrindo que a substância provocava rapidamente a maior irrigação de sangue no pênis.

    Foi assim que o óxido nítrico salvou muitos relacionamentos e devolveu a vida sexual a muitos homens que havia anos se consideravam impotentes.

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