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    Nova droga promete melhor resposta contra asma alérgica

    MARIANA VERSOLATO
    EDITORA-ASSISTENTE DE CIÊNCIA+SAÚDE

    03/07/2014 01h55

    Um novo medicamento, ainda em fase de estudos, mostrou potencial para tratar a asma alérgica de maneira superior aos medicamentos já existentes no mercado.

    O remédio, chamado quilizumab, é um anticorpo monoclonal, ou seja, uma proteína do sistema imunológico sintetizada em laboratório. Esse tipo de droga é chamada de terapia-alvo porque age de maneira "cirúrgica" no tratamento de diversas doenças e tem sido alvo de estudos mundo afora, principalmente na oncologia.

    A proposta do remédio é combater uma reação que ocorre no organismo de pacientes com asma alérgica: a produção em excesso de um anticorpo chamado imunoglobulina E (IgE).

    Nos pacientes asmáticos, essa proteína acaba aparecendo de maneira exacerbada na presença de estímulos como poeira e pelos de animais, gerando assim uma inflamação.

    As terapias atuais também têm a IgE como alvo, mas não atacam sua produção, o que faz com que os pacientes necessitem de doses regulares dos remédios para manter os níveis dessa proteína baixos.

    Em um estudo publicado nesta quarta-feira (2) na revista "Science Translational Medicine", pesquisadores do Canadá relatam que o medicamento conseguiu bloquear a produção da IgE em pacientes com asma alérgica.

    As drogas foram administradas uma vez por mês, por três meses, e essa redução na produção da proteína foi mantida por até seis meses depois da última dose. Os 29 voluntários foram expostos a alérgenos em um teste para avaliar os níveis da IgE.

    O tratamento não obteve sucesso apenas para a asma. Também foi observada resposta similar em 36 pacientes com rinite alérgica.

    Folhapress

    Segundo Ana Paula Castro, diretora da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia), os pacientes têm hoje à disposição um bom arsenal de tratamento, que é focado na prevenção das crises alérgicas.
    "Mas os remédios que estão disponíveis não mudam a história natural da doença. Se tiramos as drogas, os sintomas voltam", afirma. "O anticorpo monoclonal ataca mais a causa do problema, por isso é interessante", diz.

    Outra vantagem da nova droga seria a maior adesão ao tratamento. Muitos pacientes com asma acabam abandonando a medicação, que precisa ser tomada diariamente, quando se sentem melhores. Isso pode desencadear crises.

    Como o remédio em teste é administrado mensalmente, mais pessoas poderiam ficar com a doença sob controle.

    "Adesão ao tratamento é um grande desafio para as doenças crônicas, incluindo a asma", diz Elie Fiss, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC e médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. "Por isso os resultados são promissores.".

    Ele lembra, porém, que a droga deve continuar a ser investigada, de preferência em um número maior de pacientes, para que se possa fazer uma avaliação melhor de seus riscos e benefícios.

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