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    Anvisa estabelece proposta de maço de cigarro genérico

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    25/07/2014 01h50

    A embalagem do cigarro deve ter uma cor única e não pode ter elemento gráfico ou decorativo, textura ou relevo.

    Além de ser despido de itens com potencial de apelo junto ao público, o maço deve ser coberto por imagens e frases de advertência na maior parte da superfície.

    Essa é a proposta elaborada pela área técnica da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na forma de um anteprojeto de lei, a que a reportagem teve acesso.

    Autor da iniciativa, Dirceu Barbano, diretor-presidente da agência, diz que pretende levar a proposta para análise dos demais diretores da Anvisa até outubro. Ele defende que o texto seja entregue oficialmente ao Congresso para que um ou mais parlamentares apresentem a proposta como projeto de lei.

    Resta avaliar, diz ele, o momento político adequado para enviar o texto ao Congresso, levando em consideração a renovação da Câmara e do Senado com as eleições.

    Fernando Mola/Editoria de Arte/Folhapress

    A proposta das embalagens padronizadas é baseada na experiência pioneira da Austrália, que implantou os maços genéricos no final de 2012. Elogiada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a política é vista como último passo para banir a propaganda de cigarros, eliminando até a cor dos maços.

    "Depois de proibir o fumo em espaço fechado, acabar com a propaganda no ponto de venda e colocar mais avisos [de risco à saúde] nos maços, o próximo passo é a embalagem padronizada. Na Austrália, as pessoas dizem que o cigarro ficou pior [após a padronização]", diz.

    A minuta de anteprojeto de lei, com sete artigos, remete o detalhamento mais fino, como cor do maço e informações permitidas na embalagem, à regulamentação da Anvisa.

    Paula Johns, diretora-executiva da ACT (Aliança de Controle do Tabagismo), diz que é positivo deixar o detalhamento para a área técnica, para evitar mudanças radicais no Congresso.

    "A embalagem padrão é uma forma de lidar com a brecha aberta na propaganda no ponto de venda", diz, referindo-se à legislação em vigor que proíbe cartazes nos pontos de venda, mas libera a exposição do maço nos locais.

    ADITIVOS
    Barbano afirma que a Anvisa mantém a defesa de outra política antitabagista polêmica: o veto aos aditivos de sabor dos cigarros –medida suspensa pela Justiça, a pedido da indústria do fumo.

    A agência deve receber, em breve, o relatório de um painel de especialistas independentes que avalia a função de 180 aditivos considerados essenciais pela indústria à fabricação e liberados temporariamente em 2013.

    Para a Abifumo (Associação Brasileira da Indústria do Fumo), a imposição de embalagens genéricas viola a Constituição e tratados internacionais de comércio exterior e de propriedade intelectual.

    "A experiência da Austrália não serve de exemplo para o Brasil, uma vez que, passado um ano e meio de sua implementação, o único efeito verificado foi o aumento do contrabando de cigarros, de 11,8% para 13,8% do mercado total", disse a entidade.

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