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    Anvisa pode ter diretoria sem membro da área da saúde

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    01/08/2014 01h52

    Pela primeira vez, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) terá, ainda que temporariamente, um conjunto de diretores em que nenhum é da área da saúde.

    O atual diretor-presidente da agência, Dirceu Barbano, deixará a diretoria no início de outubro, depois de exercer dois mandatos, deixando outros quatro diretores no colegiado –sendo dois advogados e dois economistas.

    Apesar de os quatro terem experiência e especializações no setor saúde, a falta de alguém na agência com sólida trajetória em medicina, farmácia ou áreas afins, ainda que temporariamente, preocupa especialistas, a indústria regulada e até parte dos funcionários da agência.

    Cabe à presidente Dilma Rousseff indicar o nome a ocupar a vaga, o que pode não ocorrer logo. A última diretoria preenchida ficou nove meses vaga. A penúltima, três anos e três meses.

    Nos últimos anos, a agência chegou a funcionar com apenas três diretores, por falta de indicação do governo.

    Para os que trabalham no campo da saúde, o temor é que as decisões da Anvisa tenham mais foco em aspectos econômicos ou políticos.

    Já a indústria manifesta receio sobre novas tecnologias a serem discutidas com a cúpula da agência, que ficará mais dependente das observações do corpo técnico.

    A Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) encaminhou uma carta ao ministério alertando para a situação a partir de outubro.

    Criada por uma lei de 1999, a Anvisa tem entre suas competências aprovar a oferta de novos medicamentos no país, regular tabaco e agrotóxicos, definir as condições para a produção de remédios e fixar as regras de funcionamento de estabelecimentos e fábricas que envolvam a saúde.

    Até hoje, a agência teve 18 diretores nomeados, sendo sete médicos, quatro farmacêuticos e um bioquímico.

    Para Ana Costa, presidente do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), a lacuna pode ser grave.

    "Não é suficiente que médicos, farmacêuticos e biólogos estejam só no corpo técnico, porque esse tipo de conhecimento tem que direcionar o processo decisório."

    A Anvisa afirmou que sua diretoria "não tem governabilidade sobre estas indicações". O Ministério da Saúde informou que "a presidência indicará um novo nome para a diretoria colegiada da Anvisa, que atenderá às necessidades da agência".

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