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    Metas do governo conseguem redução de 1.300 mil toneladas de sódio em 2012

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    12/08/2014 15h21

    Uma em cada três marcas de macarrão instantâneo e de bisnaguinha não cumpriu as metas de redução do teor de sódio fixadas pelo Ministério da Saúde em 2011, segundo análise laboratorial feita pelo próprio governo com 38 marcas desses produtos.

    Por outro lado, 93,75% das 16 marcas de pão de forma cumpriram a meta fixada, de acordo com balanço divulgado nesta terça-feira (12) pelo ministério.

    Já uma segunda avaliação da pasta, desta vez levando em conta a análise do rótulo de 287 produtos das mesmas três categorias, mostra uma taxa de sucesso maior. A leitura dos rótulos indica que cumpriram as metas 94,9% das marcas de macarrão instantâneo, 97,7% de pão de forma e 100% de bisnaguinhas.

    De acordo com o ministério, as duas análises são complementares e têm universos distintos como base –a análise laboratorial abarca apenas os produtos sob a vigência do acordo voluntário, e a análise pelo rótulo pega todos os produtos do setor. E, enquanto a segunda mostra um panorama geral, a primeira garante maior precisão da informação.

    Esses são os resultados do primeiro de quatro acordos voluntários para a redução do sódio assinados entre o governo e a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) entre 2011 e 2013.

    Os três últimos acordos tinham como foco a diminuição do sódio em batatas fritas, pão francês, salgadinhos de milho, bolos prontos, mistura para bolos, biscoitos, maionese, margarinas, cereais matinais, temperos prontos, laticínios, embutidos e sopas prontas.

    A expectativa do governo, com os acordos, é tirar do mercado 28 mil toneladas de sódio até 2020. E, em nível individual, a meta é reduzir o consumo de sal de 12 g em 2008 para 5 g em 2022.

    Só em 2012, diz a Saúde, 1.295 toneladas de sódio foram eliminadas de produtos industrializados.

    METAS

    A meta estipulada pelo governo, em 2011, era garantir que todas as marcas de macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha tivessem concentração de sódio abaixo ou próximo do valor que era, então, a média do teor de sódio em cada uma dessas categorias.

    Em 2011, por exemplo, a média de teor de sódio nas diferentes marcas de macarrão instantâneo era de 1.960 mg por 100 g de produto. O teor máximo encontrado, à época, chegou a 2.884 mg por 100 g. A meta foi fixada em 1.920 mg por 100 g.

    Análise dos rótulos identificou uma redução da média do teor, de 1.960 para 1.662,3 mg de sódio para 100 g de produto –cerca de 15,2% de redução.

    Os dados apresentados pelo ministério, no entanto, mostram que houve redução da concentração de sódio mesmo entre produtos de marcas que não estão abrangidas pelo acordo –de empresas que não pertencem à Abia.

    Enquanto a concentração de sódio no macarrão caiu 15,2% entre as empresas da Abia, ela caiu 11,7% no mercado como um todo. As quedas são mais relevantes, no mercado como um todo, para as categorias de pão de forma e bisnaguinhas: respectivamente queda de 10,8% para a Abia e 13,4% no mercado como um todo, e 10,9% para a Abia e 14,2% para o setor como um todo.

    Segundo o ministro Arthur Chioro (Saúde), as empresas que não pertencem à Abia praticavam teores mais altos de sódio, o que explica uma redução mais rápida ocorrida por influência dos acordos do governo, garante o ministro.

    Na avaliação de Chioro, os resultados alcançados são "excelentes". Segundo a Abia, quem está fora da meta fará as correções em breve.

    ACORDO TÍMIDO

    Um estudo divulgado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) em 2013 indicou que os acordos voluntários assinados pelo ministério até então teriam baixo impacto por ter metas tímidas, já que, segundo o estudo, as principais marcas do mercado analisadas já cumpriam, de partida, as metas estabelecidas.

    Nesta terça, após o balanço apresentado pela Saúde, o Idec divulgou um novo estudo sobre os acordos voluntários, indicando que 11% de 291 produtos analisados pelo instituto não cumpriam as metas estabelecidas pelos acordos –recorte que abarca outras rodadas de acordos; o estudo do ministério foca apenas a primeira rodada.

    "Foram avaliados 291 produtos das mais de 20 categorias de alimentos que aderiram aos acordos voluntários desde 2011. Dos 291 produtos avaliados, 23 (8%) não cumpriram a meta para 2012 e 9 (3%) não atingiram a meta para 2013, total de 32 produtos (11%)", diz o Idec.

    Para o ministério, o levantamento divulgado pelo Idec nesta terça reforça a importância dos acordos.

    "Apesar do Idec analisar antecipadamente itens quer ainda não atingiram os prazos acordados, os resultados demonstram o poder indutor dessa parceria entre o Ministério da Saúde e as indústrias alimentícias."

    Ainda este ano, outro balanço do ministério deverá ser apresentado, com foco na segunda rodada dos acordos. E novas metas deverão ser estabelecidas para os próximos anos, com base nos resultados encontrados no mercado.

    Segundo a Saúde, a estimativa é que 70% do sal consumido diariamente pelos brasileiros sejam adicionados no preparo doméstico dos alimentos, e que apenas 30% sejam consumidos por meio de alimentos industrializados. Deborah Malta, coordenadora de vigilância de agravos e de doenças não-transmissíveis e promoção da saúde do ministério, diz, porém, que a tendência é que cresça a participação dos alimentos industrializados.

    A redução de sódio dos alimentos se insere na política nacional para a redução do impacto das doenças crônicas não-transmissíveis. O ministério diz ter superado a meta de reduzir anualmente 2% das mortes prematuras por essas doenças. Entre 2010 e 2011, de acordo com a pasta, a redução foi de 3,8%.

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