• Equilíbrio e Saúde

    Sunday, 05-May-2024 10:53:39 -03

    Laboratórios deixam de exigir jejum para exame de sangue

    MARIANA VERSOLATO
    EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

    20/09/2014 02h00

    Laboratórios do país começam, aos poucos, a não exigir mais jejum dos pacientes para a realização da maioria dos exames laboratoriais.

    O assunto foi tema de debate no Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, na semana passada, no Rio.

    Em São Paulo, a rede Delboni Auriemo começou a fazer uma campanha para informar funcionários, médicos e pacientes sobre a coleta sem restringir a alimentação.

    De acordo com o patologista clínico Luiz Gastão Rosenfeld, diretor de relações institucionais do Delboni, o avanço dos equipamentos, dos reagentes químicos e das análises afastou a interferência da alimentação.

    "Ficou, porém, uma cultura do jejum. Médicos e pacientes já pensam em restringir a alimentação para fazer qualquer exame. Estamos treinando funcionários para instituir essa mudança."
    Ele afirma que 5% dos exames no Delboni ainda requerem jejum, como os de glicose e triglicérides (tipo de gordura), cujos valores mudam após a refeição.

    Já os exames de colesterol total, HDL (colesterol "bom"), de LDL (colesterol "ruim") dosado diretamente (e não calculado através de uma fórmula que usa os triglicérides), o hemograma e grande parte dos hormônios não exigem mais a restrição.

    "A necessidade do jejum deve ser avaliada para cada exame. O que não pode é deixar as pessoas de jejum por 12 horas para coisas inúteis", diz. Segundo Rosenfeld, a ideia é expandir a mudança para toda a rede Dasa, da qual o Delboni faz parte.

    Editoria de arte/Folhapress
    TESTE SEM FOMELaboratórios começam a mudar exigência para exames, retirando jejum ou diminuindo tempo necessário

    Em Brasília, o laboratório Exame segue esse mesmo padrão desde 2009, quando a instituição começou a discutir a necessidade do jejum com os médicos da cidade.

    "O laboratório ficava sobrecarregado de manhã e vazio depois. Exames de urgência são colhidos sem jejum e sem prejuízo", diz Adilia Segura, diretora médica de análises clínicas. "Reunimos os maiores laboratórios para padronizar o atendimento. Dá trabalho explicar a mudança, mas é uma tendência."

    Estudos têm questionado a necessidade do jejum para medir o colesterol. Isso porque a maior parte dele é produzida pelo corpo e pouco muda com a alimentação, com exceção dos triglicérides.

    Gianfranco Zampieri, coordenador da patologia clínica do Salomão Zoppi Diagnósticos, afirma que para a maioria dos exames, incluindo o colesterol, o jejum é de fato desnecessário por causa das novas metodologias.

    "É uma tradição, e acabamos exigindo para garantir que não haverá interferências." Segundo ele, seria preciso estabelecer valores de normalidade para diferentes períodos após as refeições para criar uma nova padronização e não errar o diagnóstico.

    Ainda que nem todos os laboratórios tenham eliminado o jejum, muitos estão diminuindo o período para 3h ou 4h dependendo do exame. É o caso do CDB, do Fleury e do Laboratório Sabin.

    Mas Rafael Munerato, diretor médico do Delboni, lembra que, apesar das mudanças nos laboratórios, continua prevalecendo a exigência do médico.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024