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    Terapia de célula-tronco para doença de retina é segura, indica estudo

    RAFAEL GARCIA
    DE SÃO PAULO

    15/10/2014 02h00

    O primeiro acompanhamento de longo prazo de pacientes submetidos a uma terapia usando células-tronco embrionárias mostrou que o procedimento é seguro. Dos 18 pacientes que receberam implantes num teste de fase inicial para tratar dois tipos de doença ocular, nenhum apresentou reações adversas em decorrência do uso desta técnica. E, além disso, dez deles apresentaram perspectiva inicial de melhora.

    O resultado positivo foi relatado nesta terça-feira (14) por pesquisadores liderados pelo cientista Robert Lanza, da empresa de biotecnologia americana Advanced Cell Technologies. Eles relatam as duas fases iniciais de seu teste clínico em estudo publicado na revista médica "The Lancet".

    O teste consistiu em transformar as células derivadas de embriões em tecido da retina e implantar nos olhos de 18 pacientes com problemas de visão. Metade deles sofre de distrofia macular de Stagardt, a doença ocular que mais cega pessoas jovens em países desenvolvidos. A outra metade era portadora de degeneração macular senil, a maior causa de cegueira entre idosos. Ambas as doenças levam à morte de células fotorreceptoras (que captam luz) na parte central da retina e não têm cura.

    No teste coordenado por Lanza, alguns casos passaram por certa dificuldade em razão de infecções contraídas durante o processo cirúrgico. Após dois anos de acompanhamento em média, porém, nenhum deles apresentou os efeitos colaterais que se temia em razão do uso de células-tronco: formação de tumores, rejeição ou hiperproliferação das células.

    Com número de voluntários ainda pequeno, o estudo não foi projetado para avaliar a eficácia do tratamento, mas os cientistas afirmam que 10 dos 18 pacientes tratados apresentaram melhora de visão após passarem por uma bateria de testes oftalmológicos. Os cientistas estão agora qualificados para planejar um teste clínico de fase 3, que avalia finalmente a eficácia do tratamento.

    "O objetivo seria o de tratar pacientes em estágios iniciais das doenças, potencialmente ampliando a chance de manutenção ou recuperação de fotorreceptores da visão central", escrevem Lanza e seus coautores no "Lancet".

    CONCORRÊNCIA BRASILEIRA

    A terapia de células-tronco desenvolvida pela ACT é similar uma que a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) já começou a testar em parceria com a USC (Universidade do Sul da Califórnia).

    "Já temos os pacientes recrutados e estamos na fase final de maturação [preparação] das células", diz Rodrigo Brant, um dos coordenadores do trabalho. O teste também ainda está no estágio de avaliação de segurança. "Temos de acompanhar esse grupo de pacientes até 2016, e até lá não vamos falar muito de qualidade de visão."

    A ideia do grupo da UCS e da Unifesp é tentar implantar as células retinais já na orientação certa em que ficam posicionadas no fundo do olho. Segundo Brant, a julgar pelos experimentos em animais, essa melhoria técnica tem um potencial mais promissor do que a injeção de células sem controle fino de posição, tal qual usada por Lanza.

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