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    Perda rápida de peso tem mais sucesso do que a gradual

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    16/10/2014 02h00

    A ideia dominante de que emagrecer devagar é melhor para conseguir manter o peso alcançado sofreu um golpe nesta quinta-feira (16). Uma dieta que favoreça a perda rápida tem mais chance de ter sucesso do que uma que leve à uma perda moderada, segundo um estudo publicado na revista "The Lancet Diabetes & Endocrinology".

    Para a pesquisa, 200 voluntários obesos (com IMC entre 30 e 45 kg/m2 e sem outras doenças) foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um de perda rápida de peso, de 12 semanas, e outro de perda gradual, de 36 semanas.

    Os cientistas da Universidade de Melbourne estabeleceram, para ambos os casos, uma meta de redução de 15%. Aqueles que chegaram a 12,5% no período proposto foram considerados bem-sucedidos

    Dois resultados principais foram obtidos.

    O primeiro é que os voluntários submetidos ao protocolo rápido tiveram uma taxa de sucesso de 81% contra 62% daqueles submetidos ao protocolo moderado.

    O segundo foi constatado em uma segunda fase do estudo, quando os pacientes bem-sucedidos na perda de peso foram instruídos a fazer uma dieta de manutenção de peso, seguindo o guia nacional australiano de alimentação saudável.

    Ambos os grupos recuperaram peso, mas de forma indistinguível entre os perdedores moderados ou rápidos, ambos recuperando –após 2 anos e 9 meses– aproximadamente dois terços do que haviam perdido.

    DIETA

    Para os dois protocolos, foram adotadas dietas diferentes. Para o protocolo rápido, foi escolhida uma dieta baseada em "proteína de alta qualidade" e suplementação com micronutrientes.

    Apesar de ter evoluído ao longo dos anos, "esse tipo de dieta ainda está associada a riscos como fadiga, constipação, e pedras na vesícula", dizem os pesquisadores Corby Martin e Kishore Gadde, dos EUA, que não participaram do estudo, em comentário na mesma edição da revista. Um dos pacientes submetidos à dieta rápida teve pedra na vesícula.

    No protocolo moderado, a proposta era fazer uma alternativa que favorecesse a redução de peso mas sem mudanças muito bruscas nos tipos de alimento, buscando alternativas para que o mesmas calorias cortadas na dieta rápida fossem "espaçadas" em um tempo per vezes maior.

    Outra vantagem da perda de peso rápida é a econômica, afinal menos consultas com nutricionistas são realizadas no processo.

    O trabalho diz que a perda de peso rápida faz com que os pacientes tenham maior adesão à dieta, aumentando as chances de atingir o resultado almejado.

    Para Martin e Gadde, "médicos devem ter em mente que diferentes abordagem para a perda de peso podem ter resultados melhores para cada tipo de paciente com obesidade". "Condutas que visem coibir uma rápida perda inicial de peso podem reduzir a chance de sucesso do processo de perda", concluem.

    Uma das limitações do trabalho é que não foram estudados obesos que fumam, diabéticos, ou mesmo aqueles com uma obesidade mais severa (com IMC maior que 45 kg/m 2). Segundo os autores, essas pessoas são as que mais precisam perder peso, e as conclusões tiradas do estudo podem não ser as melhores para esses casos, havendo necessidade de outros estudos suplementares.

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