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    Alimentos in natura devem ser maioria na dieta, diz governo

    JOHANNA NUBLAT
    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    05/11/2014 02h00

    Deixe de lado a semente de chia, o whey protein e o óleo de coco. No novo guia nutricional do governo, o que vai para o prato, e é sinônimo de alimentação saudável e nutritiva, é o arroz, feijão, legumes e verduras.

    O documento prioriza o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, e atualiza recomendações do Ministério da Saúde sobre o que deve ser levado à mesa. O último guia havia sido elaborado em 2006.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "Não estamos propondo um regime ou tratamento. A gente está pensando numa alimentação para prevenir problemas", afirma Carlos Monteiro, professor da USP e coordenador de equipe técnica que elaborou o guia.

    O texto é ilustrado com combinações saudáveis para as refeições do dia a dia e serve de referência para escolas e profissionais de saúde, por exemplo.

    A intenção é reforçar a importância do consumo de alimentos em detrimento de produtos. "A barra de cereal é uma reengenharia de alimentos, não há garantia de que funcione da mesma maneira que os alimentos originais", exemplifica Monteiro.

    O ministro Arthur Chioro (Saúde) destaca que, se antes o que prevalecia era o tamanho das porções, agora a abordagem é "mais qualitativa". "Não estamos proibindo nada. Ninguém está dizendo 'não use sal, tire o açúcar'", disse à Folha.

    Para o nutrólogo Celso Cukier, o importante é tirar os alimentos ultraprocessados do cotidiano, limitando-os a momentos eventuais. "Na medida do possível, temos que buscar essa substituição", diz ele, médico do Hospital São Luiz e presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição.

    As sugestões do guia não se limitam ao tipo de alimento a ser consumido, mas também à forma como o consumo acontece. Esse viés ganhou destaque diante do perfil atual da população: um em cada dois adultos têm excesso de peso no país.

    Mudar essa realidade requer também hábitos saudáveis, como comer em companhia de familiares ou colegas de trabalho e evitar ambientes onde "haja estímulos para o consumo de quantidades ilimitadas de alimentos".

    "Refeições feitas em companhia evitam que se coma rapidamente", afirma trecho do guia. "Compartilhar com outra pessoa o prazer que sentimos quando apreciamos uma receita favorita redobra este prazer."

    O modelo de recomendações e alimentos sugeridos pelo texto é elogiado pelo americano Nicholas Freudenberg, professor de saúde pública da Universidade da Cidade de Nova York e autor de livro sobre o assunto.

    Para ele, guias, que, ao contrário do modelo brasileiro, são baseados em quantidades de consumo adequado de açúcar, sal ou gordura, por exemplo, favorecem a indústria de alimentos.

    "Isso permite [à indústria] manipular alguns ingredientes para fazer os produtos parecerem mais saudáveis, como por exemplo adicionando vitaminas a cereais com alto índice de açúcar", diz.

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