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    Diagnóstico precoce de câncer de próstata permite 98% de sobrevida

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    15/11/2014 02h21

    O diagnóstico precoce do câncer de próstata dobra a chance de sobrevida, revela estudo inédito do A.C. Camargo Cancer Center, de São Paulo.

    Foram avaliados 2.293 pacientes, com idade média de 65 anos, diagnosticados com câncer de próstata e tratados na instituição desde 2000.

    Desse total, 76% dos homens tiveram o tumor diagnosticado no estágio inicial, quando ele estava localizado. Dez anos depois, 98% deles estavam vivos. No estágio 4 (com metástase), menos da metade permanecia viva (46%) no mesmo período.

    Segundo o médico Gustavo Guimarães, chefe de urologia do A.C. Camargo, os resultados mostram que é preciso investir mais no diagnóstico precoce, o que está longe da realidade do sistema público de saúde. No Estado de São Paulo, 30% dos tumores de próstata são diagnosticados na fase avançada. Nos EUA, esse valor é de 4%.

    Raquel Cunha/Folhapress
    O aposentado Moacyr Batista da Silva, 65, que fez cirurgia robótica para câncer de próstata há seis meses
    O aposentado Moacyr Batista da Silva, 65, que fez cirurgia robótica para câncer de próstata há seis meses

    O câncer de próstata é o segundo tumor mais frequente no homem brasileiro, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. A estimativa é de que, em 2014, sejam 69 mil novos casos.

    Além da sobrevida maior, o diagnóstico precoce possibilita o uso de procedimentos menos invasivos (cirurgias por videolaparoscopia ou robótica), que se traduz em recuperação mais rápida.

    "Conseguimos diminuir pela metade o tempo em que o homem fica impotente ou precisando de fraldas [incontinente]. Na cirurgia tradicional, vai de um ano a um ano e meio. Com a robótica, reduzimos para seis meses."

    Com o aposentado Moacyr Batista da Silva, 65, a recuperação foi ainda mais rápida. Ele teve o câncer diagnosticado em fevereiro e, em agosto, fez a cirurgia com robô.

    "Com dois meses, deixei de usar a fralda e já estava tudo em ordem [também com a potência sexual]. Meu irmão fez a cirurgia tradicional cinco anos atrás e demorou dois anos para se recuperar", diz.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    Segundo o urologista Alberto Antunes, do Hospital Sírio-Libanês, embora cirurgias menos invasivas possibilitem recuperação mais rápida, as chances de o paciente ficar permanentemente impotente ou incontinente independem do tipo de procedimento.

    Ele explica que logo após a retirada da próstata, 30% dos pacientes precisarão de fraldas. Só de 3% a 4% ficarão com o problema para sempre.

    Já a impotência atinge a todos no início. Entre os homens de até 55 anos, 80% recuperam a potência. Depois dos 70 anos, só 20% terão essa sorte. "Mas hoje só fica com disfunção quem quiser. Temos inúmeras opções, de medicamentos a próteses", diz Antunes.

    Assim como a maioria dos homens, Silva não fazia os exames preventivos regulamente. Médicos e a Sociedade Brasileira de Urologia recomendam PSA (exame de sangue) e toque retal anualmente a partir dos 50 anos.

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