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    Maioria dos brasileiros é contra maconha medicinal

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    29/11/2014 01h39

    A maior parte da população brasileira (56%) é contra a venda de maconha para uso medicinal, mas 50% aprovam a liberação de remédios derivados da droga.

    É o que mostra pesquisa Datafolha, encomendada pelo ICTQ (Instituto de Ciências Tecnológicas e Qualidade Industrial). Foram feitas 2.162 entrevistas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

    O assunto ganhou destaque desde o início do ano, quando famílias conseguiram na Justiça autorização para importação do canabidiol (CBD), substância derivada da maconha.

    O remédio tem sido usado contra casos graves de epilepsia. Desde abril, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já liberou 184 pedidos de importação.

    A pesquisa mostra que o apoio à liberação da substância é maior conforme a escolaridade (69% entre os que têm nível superior contra 38% dos com nível fundamental) e nível socioeconômico (60% entre as classes A e B contra 33% das C e D).

    A aprovação da maconha para uso medicinal segue a mesma tendência. "Os que têm mais acesso à informação estão mais cientes do debate nacional e internacional e tendem a ser mais liberais", diz Marcus Vinicius Andrade, diretor-executivo do ICTQ.

    Segundo a pesquisa, a discordância é maior em municípios do interior, nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste e entre os mais velhos.

    Para o psiquiatra José Alexandre Crippa, da USP de Ribeirão Preto e que pesquisa o uso do CBD, a população ainda tem pouca informação sobre o assunto. Ele diz que é preciso cuidado porque há grupos tentando colocar no mesmo rol de discussões a liberação da maconha para uso medicinal e os remédios com derivados da maconha."São duas agendas distintas."

    Em outubro, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) publicou norma autorizando os médicos a prescrever o canabidiol para casos graves de epilepsia, deixando claro que não incentiva o uso da maconha fumada, seja recreativo, seja medicinal.

    "Estamos falando de um componente [CBD] que pode ser isolado ou sintetizado por métodos confiáveis e que não causa efeitos alucinógenos", disse Mauro Aranha, coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria da Cremesp.

    O CFM (Conselho Federal de Medicina) estuda publicar norma semelhante, com abrangência nacional.

    "Não está se pensando nesse momento na venda desses medicamentos em farmácia. Para isso, seriam necessários antes a realização de vários estudos [comprovando benefícios e segurança]", diz Crippa, que está ajudando o CFM na elaboração da resolução.

    O médico coordenou um estudo recente demonstrando que o CBD também é eficaz para melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral de pacientes com a doença de Parkinson–ele espera que o CFM libere a substância também para esses casos.

    A Anvisa discute a retirada do canabidiol da lista de substâncias proibidas no país, mas informa que ainda não tem data para a decisão. A principal dúvida é em torno da dose ideal da substância para cada caso.

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