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    Corrida para lançar primeira vacina contra dengue pode terminar em 2015

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    06/04/2015 02h03

    A corrida pela primeira vacina contra a dengue pode chegar ao final ainda em 2015. Por enquanto, ela é liderada pela multinacional francesa Sanofi.

    A vacina, porém, tem eficácia de apenas 60,8% e precisa ser aplicada em três doses –a empresa não divulga a eficácia da primeira dose se tomada isoladamente.

    Uma alternativa nacional, fruto de uma parceria entre o Instituto Butantan, o Hospital das Clínicas da USP e o NIH (Institutos Nacionais de Saúde dos EUA) corre atrás.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Não há previsão de quando ela poderá ser disponibilizada ao público. A vacina está atualmente começando os estudos de fase 3 –no jargão farmacêutico, o momento em que é avaliada a eficácia do produto em teste.

    O infectologista da USP Esper Kallás, que coordena os estudos da vacina brasileira, afirma que o grande trunfo do produto em desenvolvimento é que ele deverá ser aplicado em apenas um dose.

    Kallás afirma ainda que o produto da Sanofi não é igualmente eficiente contra todos os quatro subtipos de dengue. "No entanto, enquanto não temos vacinas, qualquer coisa que for útil tem que ser considerada."

    A Sanofi rebate as críticas sobre a eficácia da sua vacina. Segundo a gerente médica Sheila Homsani, o importante é que o produto reduz em 95,5% o número de casos graves da doença. Ou seja, a vacina funciona especialmente para evitar os quadros clínicos mais perigosos.

    Ela afirma que a Sanofi deve entrar nas próximas semanas com a documentação para poder iniciar a produção da vacina em sua fábrica, próxima à Lyon, na França.

    TÉCNICA

    A vacina da multinacional francesa tem como "esqueleto" o vírus da febre amarela. Ele tem sua superfície modificada artificialmente para se parecer com um vírus da dengue e gerar resposta imunológica na pessoa vacinada.

    Já o consórcio de que faz parte o Butantan apostou em uma versão atenuada e modificada do vírus da dengue, que promete provocar uma resposta imunológica duradoura em quem é vacinado.

    O poder público está entusiasmado com a utilização de vacinas. Para o secretário da Saúde de São Paulo, David Uip, o projeto do Butatan pode ajudar o Estado a reduzir o número de casos.

    Arthur Chioro, ministro da Saúde, disse que pedirá à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) prioridade no andamento dos processos burocráticos ligados às vacinas contra a dengue.

    Segundo Kallás, com o status de prioridade é possível ganhar de alguns meses até mais de um ano de desenvolvimento. A ideia é vacinar as pessoas ainda no fim desse ano para monitorá-las durante o verão, quando a incidência de dengue aumenta.

    Em 2015 também devem começar as pesquisa de fase 3 da vacina da Takeda, multinacional japonesa. A estratégia é um vírus da dengue do subtipo 2 modificado.

    Entre outras iniciativas, há o trabalho da farmacêutica britânica GSK com a Bio-manguinhos (da Fundação Oswaldo Cruz), que está iniciando os testes em humanos (veja acima). Outro projeto em que a Fiocruz está envolvida é a vacina do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), testada apenas em camundongos, mas com 100% de imunização.

    Neste ano, o Estado de São Paulo já registrou mais de cem mortes por dengue, mais do que em todo o ano de 2014.

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