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    Crise leva Brasil a perder liderança em plásticas

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    17/07/2015 02h03

    A crise econômica fez com que o país perdesse a liderança mundial em número de cirurgias plásticas. Aumento de mama (prótese de silicone) e lipoaspiração foram as que mais caíram –41 mil e 10 mil a menos, respectivamente.

    Os dados, inéditos, são de um relatório mundial da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), que ouviu 35 mil cirurgiões plásticos de 90 países.

    Em 2014, quando a economia brasileira cresceu 0,1%, o pior desempenho em cinco anos, foram feitas 1,34 milhão de cirurgias –148 mil a menos em relação a 2013, ano em que o país figurou como líder
    .
    Os EUA reassumiram a liderança, com 1,48 milhão de operações, 31 mil a mais em relação a 2013. Em número de procedimentos não cirúrgicos (botox, por exemplo), os norte-americanos seguem na frente (2,6 milhões). O Brasil aparece em terceiro lugar (715 mil), atrás do Japão (934 mil).

    Para o cirurgião plástico Carlos Uebel, um dos diretores da Isaps, os brasileiros estão abrindo mão de coisas que podem esperar em razão do aperto econômico. "A cirurgia plástica é uma delas."

    É o caso da comerciante Cynthia Camargo, 35, que tinha planejado colocar prótese de silicone nos seios neste mês de julho, mas desistiu da ideia. "As vendas na minha loja caíram muito. Sonho com um peito novo, mas não sou louca de me endividar."

    Carlos Uebel diz que vários colegas da área têm relatado diminuição no movimento de clientes. No serviço que dirige na PUC de Porto Alegre (RS), por exemplo, houve uma queda de 20% no ano.

    Segundo João de Moraes Prado Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a retração existe, mas ainda não é possível quantificá-la. A entidade finaliza uma pesquisa sobre o mercado de plásticas no país.

    A saída, segundo Uebel, tem sido reduzir os preços de alguns procedimentos. Uma cirurgia de prótese de silicone que antes podia custar R$ 20 mil agora está sendo feita até por R$ 12 mil.

    "Mas tem um limite. Se o preço cair muito, a pessoa tem que desconfiar da qualidade", alerta Prado Neto.

    No caso das cirurgias de mama, além do fator econômico, os médicos citam uma mudança de comportamento: as mulheres não querem mais saber de peitões.

    "Vivemos um fluxo reverso. A partir de 2010, o desejo era por mamas bem volumosas. A tendência agora são volumes menores", explica o cirurgião Fabio Nahas, professor na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

    Na opinião de Uebel, essa mudança tem feito com que muitas mulheres desistam da cirurgia ou optem por prótese de silicone menos volumosas. "Se antes colocavam 350 ml, agora preferem 280 ml, 300 no máximo", conta.

    LIDERANÇA

    O Brasil continua na liderança das plásticas de rosto (501.053) e de corpo (419.451). Uma das técnicas que vem crescendo é o enxerto de gordura da própria pessoa.

    Depois de retirada, geralmente do abdome, é purificada e usada para preenchimento de áreas como rosto, mama e glúteos.

    O país é o segundo no mundo nesse tipo de cirurgia (112 mil contra 142 mil nos EUA). Em alguns casos, ela substitui próteses de silicone. "A técnica melhorou muito, veio para ficar", diz Nahas.

    Prado Neto alerta, no entanto, que há reabsorção de gordura pelo organismo. No caso dos glúteos, por exemplo, chega a 30%. "Não é tão previsível como a prótese."

    Cirurgias

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