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    Reitor da USP ganha prêmio de oncologia

    DE SÃO PAULO

    05/08/2015 02h00

    Jorge Araújo/Folhapress
    O médico e reitor da USP, Marco Antonio Zago, em seu gabinete
    O médico e reitor da USP, Marco Antonio Zago, em seu gabinete

    Na década de 1970, quando atuava na área da hematologia, Marco Antonio Zago, 68, viu morrer muitas crianças de leucemia linfoide aguda, um dos cânceres mais comuns na infância. "A mortalidade era 100%. Muito trágico", conta o reitor da USP.

    Hoje, essa doença tem taxa de cura superior a 85%. Apesar da nítida evolução no tratamento oncológico, Zago afirma que há muitas dificuldades que atravancam a pesquisa do câncer no país. A maior delas seria a falta de coordenação dos estudos.

    "São muitas pessoas querendo fazer voo solo, cada um querendo o seu protagonismo. Isso está mais atenuado em outros países, onde há uma maior coordenação dos estudos", diz o reitor, laureado na categoria Personalidade em Destaque do Prêmio Octavio Frias de Oliveira.

    No tratamento no câncer no país, o médico vê avanços. "Temos em São Paulo hospitais que não deixam nada a desejar em comparação com os melhores do exterior. Mas, para se tratar na maioria, é preciso ter muito recurso. Temos muito a progredir."

    Em quase cinco décadas, Zago atuou como médico, professor e pesquisador, além de ter integrado importantes grupos de pesquisa em câncer e em terapia celular.

    Em 2007, trocou a bancada para assumir a presidência do CNPq (Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Três anos depois, passou a pró-reitor de pesquisa da USP e, em 2014, foi nomeado reitor.

    "O impacto do trabalho do Zago na área da hematologia é enorme até hoje. Tanto como professor, investigador e gestor. É uma premiação por tudo o que fez pelo estímulo da ciência no país", diz Paulo Hoff, diretor do Icesp.

    ENTRAVES

    Segundo Zago, entraves como a legislação que limita em R$ 8.000 as compras sem licitação atravancam não só a pesquisa como também o dia a dia das universidades.

    "É um valor que foi fixado há 20 anos e nunca mais ninguém corrigiu. Se o Senado e a Câmara só atualizassem esse valor, já trariam um benefício enorme a toda ciência e tecnologia no país", afirma.

    Na questão do tratamento do câncer, além das dificuldades de acesso no SUS, o reitor vê com preocupação a atual formação médica.

    "Temos faculdades de medicina excelentes, mas há muitas que deixam a desejar."

    Para ele, seria necessário o país instituir um exame nos moldes do aplicado pela OAB para frear o ingresso de médicos ruins no mercado. "Daqui a pouco, vamos começar a ter que pedir o currículo dos nossos médicos, saber onde ele se formou, onde fez residência."

    *

    Prêmio Octavio Frias de Oliveira

    • ONDE Icesp (Avenida Dr. Arnaldo, 251, 6º andar, São Paulo)
    • QUANDO Nesta quarta-feira, 5 de agosto, às 19h
    • QUANTO Evento gratuito

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