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    CFM suspende teto de idade para reprodução assistida no Brasil

    FLÁVIA FOREQUE
    DE BRASÍLIA

    23/09/2015 02h00

    Após dois anos em vigor, o CFM (Conselho Federal de Medicina) alterou a regra que fixava a idade de 50 anos como limite para uma mulher poder ser submetida às técnicas de reprodução assistida.

    Desde 2013, pacientes que tivessem mais do que essa idade deveriam recorrer a Conselhos Regionais de Medicina para obter uma autorização para o procedimento -em muitos casos, o pedido era negado e o recurso chegava ao CFM.

    Agora, o tratamento pode ser adotado desde que o médico responsável e a mulher assumam os riscos de uma gravidez tardia, como hipertensão e diabetes.

    Reprodução assistida - Após dois anos, Conselho Federal de Medicina altera regras de tratamento

    "Toda mulher tem sua autonomia, e o médico tem que fazer uma análise dessa autonomia. Houve uma demanda muito grande aos [conselhos] regionais e ficamos sensibilizados", disse Hiran Gallo, coordenador da câmara técnica sobre o tema no CFM.

    O médico pondera que a entidade ainda defende a idade de 50 anos como limite máximo para as candidatas. "Continuamos alertando que há um risco muito grande para a mulher e o feto", afirma.

    CASAIS GAYS

    A nova resolução do CFM explicita ainda a permissão para que um casal gay feminino realize gestação compartilhada -quando uma mulher pode implantar o embrião gerado a partir da inseminação de um óvulo da parceira.

    "A principal dúvida era a de que o óvulo [doado] deveria ser anônimo, e não da parceira. Mas há o reconhecimento da união homoafetiva, então ele se comporta como um casal", explica Adelino Amaral, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, que participou das discussões que levaram à nova resolução.

    O texto altera ainda a regra de seleção para transplante. Fica permitida a seleção de embriões compatíveis com um filho apenas para um futuro transplante de células-tronco, e não mais para órgãos, como antes definido.

    "Doação de órgãos significa você criar uma criança para doar um rim [por exemplo]. É uma situação que a gente considera perigosa", afirma Amaral.

    "BARRIGA DE ALUGUEL"

    O Conselho Federal de Medicina suspendeu também a idade limite de 50 anos para mães, irmãs, avós, tias ou primas atuarem como barriga de aluguel. O texto da nova resolução prevê que "demais casos" estarão sujeitos à autorização dos conselhos regionais.

    "[Houve caso em que] foi feito levantamento e a paciente não tinha nenhuma pessoa para fazer solidariedade em quarto grau de parentesco. E foi autorizada [a prática]", disse Hiran Gallo.

    Ficam mantidas as regras de descarte de embriões (congelados por mais de cinco anos) e o impedimento para uso de técnicas de reprodução assistida para escolha do sexo do bebê.

    Todas essas alterações nas regras ligadas à medicina reprodutiva devem ser publicadas nos próximos dias no "Diário Oficial da União", a partir de quando entram em vigor.

    PLANOS

    Os planos de saúde brasileiros não são obrigados a custear técnicas de reprodução assistida, mas muitos casais têm recorrido à Justiça para obrigá-los o oferecer o tratamento. Também não há obrigatoriedade de custeio pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

    No ano passado, foram registrados cerca de 28 mil ciclos de fertilização e foram congelados por volta de 48 mil embriões nas clínicas de reprodução assistida do país.

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