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    Médica e jornalista conta como é cobrir saúde em tempos de crise

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    10/10/2015 02h03

    Fabio Braga/Folhapress
    A médica e jornalista Sheri Fink, que está no Brasil para participar de festival de jornalismo
    A médica e jornalista Sheri Fink, que está no Brasil para participar de festival de jornalismo

    Após a passagem do furacão Katrina, em 2005, enquanto Nova Orleans estava alagada e isolada, em um hospital aconteciam decisões de quem deveria viver. O hospital estava sem energia elétrica e sem água. Um obeso morreu simplesmente porque não conseguiriam carregá-lo pelas escadas.

    As histórias chocam. As decisões de quem vivia ou morria foram resgatadas e contadas em 2009 pela médica e jornalista Sheri Fink em uma reportagem que lhe rendeu o Pulitzer –prestigioso prêmio de jornalismo.

    Ela não estava lá, mas conduziu mais de 500 entrevistas para reconstruir drama pelo qual os médicos, enfermeiros, técnicos e pacientes passaram naquele hospital.

    O relato acabou virando um livro lançado em 2013, o "Five Days at Memorial: Life and Death in a Storm-Ravaged Hospital" (em tradução livre: Cinco Dias no Memorial: Vida e Morte em um Hospital Arrasado pela Tempestade), sem edição no Brasil.

    Vivenciar esse drama permitiu a Sheri refletir sobre moral e ética. Ela contará essa e outras experiências, apresentará técnicas e mostrará fotos de suas viagens neste sábado (10) no II Festival Piauí Globonews de Jornalismo, realizado em São Paulo.

    Sheri inicialmente formou-se em psicologia. Depois realizou o doutorado em neurociências e se formou médica. A ideia era trabalhar em zonas de conflitos e catástrofes. E ela foi. Conheceu de perto os Bálcãs, Haiti e Iraque em momentos inglórios.

    Mas a vocação falou mais alto e ela direcionou sua carreira para o jornalismo. O fato de ser médica, disse à Folha, ajuda a ganhar confiança de seus entrevistados, especialmente outros médicos, melhorando a qualidade da informação obtida, e ainda a ajuda a explorar questões como a eutanásia.

    A decisão de quem vai ou não receber mais ou menos cuidados é corriqueira, mas em desastres isso é ampliado, afirma Sheri. "Eu fico fascinada pelas questões éticas e de valores pessoais que emergem durante essas crises. É lidando com isso que aparecem os aspectos mais importantes da medicina."

    Sobre jornalismo em saúde, Sheri diz que o desafio atual nos EUA é a obtenção de dados de hospitais. "Eles se apoiam em leis de preservação da privacidade para não divulgar índices de qualidade que seriam úteis para a população."

    Dessa forma, o paciente fica sem o acesso que um consumidor ordinário tem ao escolher o supermercado em que vai fazer compras. Existe grande variabilidade de preço e, muitas vezes, os custos acabam ficando ocultos e o paciente só fica sabendo o tamanho da despesa na hora de pagar a conta, conta a jornalista.

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