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    Políticos de São Carlos saem em defesa de suposto remédio anticâncer

    REINALDO JOSÉ LOPES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    22/10/2015 18h48

    Políticos de São Carlos, no interior paulista, decidiram se mobilizar a favor das pesquisas sobre a fosfoetanolamina, molécula com suposto potencial anticâncer que foi estudada por pesquisadores do campus da USP localizado na cidade.

    Vereadores e um deputado federal querem organizar, na semana que vem, uma reunião na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para tentar agilizar os testes envolvendo a substância.

    "A verdade é que o nosso movimento até se faz tardio, deveríamos ter feito algo a esse respeito lá atrás", declarou à Folha o vereador Antônio Carlos Catharino (PTB), autor da moção aprovada por unanimidade na Câmara Municipal de São Carlos na quarta-feira (21). "Com a repercussão gerada pelo tema, é importante que a gente busque um caminho para resolver a situação."

    De acordo com Catharino, os vereadores se mobilizaram depois de uma sessão plenária com tribuna livre, na qual a paciente Bernadette Cioffi, que sofre de câncer, fez um apelo em favor do uso da molécula, afirmando que tinha melhorado e voltado a se locomover normalmente depois de ter começado a usar a fosfoetanolamina a partir de julho deste ano.

    Esse tipo de relato não é considerado evidência da eficácia de um medicamento pelos especialistas, porque mesmo doenças graves podem melhorar de forma espontânea sem causa aparente, e até substâncias inócuas também podem ter efeito positivo caso o paciente acredite na eficácia delas - é o chamado efeito placebo.

    No entanto, impressionados com esses e outros depoimentos de pacientes, os vereadores decidiram pedir ao deputado Lobbe Neto (PSDB), ex-vice-prefeito da cidade, que organizasse uma reunião entre representantes da Anvisa, órgão responsável pela liberação de novos fármacos no país, e o grupo que estudou a molécula, coordenado pelo químico Gilberto Chierice, professor aposentado da USP de São Carlos.

    SEM TESTES

    A questão é que a Anvisa não tem condições de liberar a fabricação e venda da substância para fins médicos sem as três fases padronizadas de testes clínicos (ou seja, em pacientes humanos), cujo objetivo é avaliar a segurança e a eficácia de um possível novo medicamento antes que ele chegue ao mercado.

    Catharino se diz ciente de que a decisão não cabe apenas à Anvisa. "Mas eles podem ajudar, pelo menos, a encaminhar os testes da maneira mais rápida possível. A Anvisa tem de 'dar um plus' nisso", defende o vereador. "O que nós queremos é apenas as informações corretas para desatar esse nó, já que essa substância poderia já estar no mercado salvando vidas", completa Lobbe Neto.

    O deputado diz que a expectativa é que a reunião aconteça em algum momento da próxima semana.

    Segundo Catharino, a intenção dos vereadores é organizar também uma audiência pública na câmara, ouvindo tanto cientistas quanto pacientes.

    Até a conclusão desta edição, a Anvisa não havia confirmado se a reunião ocorreria, nem quando seria feita.

    Remédio anticâncer

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