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    Governo quer finalizar primeiros testes de 'pílula do câncer' em 7 meses

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    16/11/2015 19h58

    O ministro de Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, disse nesta segunda-feira (16) que o governo espera obter, em até sete meses, os primeiros resultados de testes com a fosfoetanolamina. A substância tem despertado polêmica no país após a Justiça liberar o produto para pacientes com câncer, sem que haja comprovação de eficácia ou informações sobre riscos.

    Segundo Pansera, um grupo formado por laboratórios de três universidades federais, financiado pelo governo, deve conduzir a primeira etapa de testes, a chamada pesquisa pré-clínica, que envolve testes in vitro e em animais.

    A etapa é necessária para que sejam obtidos dados prévios sobre a toxicidade do produto, o que permite que a substância possa vir a ser alvo de pesquisas clínicas, realizadas em humanos.

    Para iniciar os testes, o governo irá solicitar à USP cerca de 500 gramas da substância. A universidade, onde a substância foi inicialmente sintetizada, vinha distribuindo a fosfoetanolamina por determinação judicial a alguns pacientes.

    A partir daí, o grupo planeja utilizar informações enviadas ao Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) para sintetizar o produto e compará-lo com o já disponível. "Queremos fazer o mesmo caminho dos pesquisadores", explica Pansera.

    A previsão é que os testes in vitro e em animais cobaias sejam finalizados em até sete meses após o material ser entregue pela universidade.

    Devem participar dessa etapa laboratórios e núcleos de pesquisa de medicamentos da UFRJ (federal do Rio de Janeiro), UFCE (Ceará) e UFSC (Santa Catarina). Em seguida, os dados serão avaliados pela Anvisa, agência que regula o setor.

    "Isso é importante até para chegar à conclusão de que [a substância] foi sintetizada da maneira adequada", diz Renato Porto, diretor da agência.

    Caso a primeira etapa seja aprovada, institutos ligados ao Ministério da Saúde devem realizar, em seguida, os testes em humanos. Não há prazo para que toda a pesquisa seja finalizada.

    O governo, porém, não descarta a possibilidade de que a pesquisa seja acelerada caso haja resultados positivos.

    "Estamos mudando o processo em função da comoção social criada. Temos que dar uma resposta à situação social colocada", diz Pansera.

    Ainda segundo o ministro, o trabalho deve ser coordenado pelos ministérios de Ciência e Tecnologia e da Saúde, em conjunto com centros onde pesquisadores já realizam pesquisas preliminares sobre a substância, caso da USP, Unesp e Butantan. Representantes da Defensoria Pública, Ministério Público e Câmara dos Deputados também devem acompanhar o processo.

    O valor a ser investido é de R$ 10 milhões. Deste total, R$ 2 milhões devem ser liberados para a primeira etapa de testes já neste ano.

    Para Pansera, apesar da comoção pública, o caso exige cautela. "O Ministério da Saúde está fazendo buscas no mundo inteiro. Ainda não há nenhum caso usado como remédio", afirma.

    Remédio anticâncer

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