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    Anvisa autoriza prescrição de remédio com THC, princípio ativo da maconha

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    21/03/2016 14h36

    Steve Dipaola/Reuters
    A Cannabis plant is pictured at the "Weed the People" event as enthusiasts gather to celebrate the legalization of the recreational use of marijuana in Portland, Oregon July 3, 2015. Smoking marijuana became legal in Oregon on July 1, fulfilling the first step in a voter-approved initiative that will usher in a network of legal weed retail stores in 2016, similar to the systems already operating in neighboring Washington state and Colorado. REUTERS/Steve Dipaola ORG XMIT: POR022
    Indústria da maconha nos EUA mais que dobra em dois anos

    A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução que autoriza a prescrição e importação de medicamentos que contenham derivados da maconha, incluindo o THC (tetrahidrocanabinol).

    Antes, o THC fazia parte da lista de substâncias que não poderiam ser objeto de prescrição médica e manipulação de medicamentos no país. Agora, a nova resolução flexibiliza esse cenário.

    O texto também autoriza a importação de produtos –e não apenas medicamentos– a base de canabidiol e THC. Na prática, isso significa que a agência passa a aceitar a importação daqueles que possuem maior percentual de THC em relação a outros canabinoides –antes, a regra era que os produtos fossem compostos em sua maioria por canabidiol, e apenas taxas mínimas de THC.

    A resolução foi publicada no "Diário Oficial" da União desta segunda (21), e ocorre após determinação judicial, em resposta à ação movida pelo Ministério Público Federal, que visava "assegurar o direito à saúde de pessoas que sofrem de doenças graves, incapacitantes e degenerativas".

    A Anvisa diz que irá recorrer por considerar que a decisão fere tratados internacionais, dos quais o Brasil é signatário, que proíbem a circulação do THC.

    O impasse, que divide grupos de pacientes, entidades médicas e agências de regulação, ocorre devido ao efeito psicoativo do THC, o que não ocorre com o canabidiol.

    Outro fator é a falta de estudos sobre a substância e informações dos produtos dela derivados que podem passar a ser importados, diz o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, o que traz riscos à saúde dos pacientes.

    Aval ao THC

    "Só tínhamos autorizado até hoje o canabidiol. A decisão judicial [que deu origem à resolução] é muito ampla. Ela coloca quaisquer produtos à base de canabidiol e THC. Da maneira como está, vamos ter a importação de produtos sem registro, nem aqui no Brasil nem onde são produzidos, e que não tem nenhuma segurança sobre sua pureza", afirma Barbosa.

    Apesar da abertura provisória a produtos com THC, a resolução não altera os trâmites para a autorização da importação de produtos a base de canabinoides.

    Para obtê-los, o paciente ainda precisa de autorização especial da Anvisa, por meio de formulário específico e apresentação de receita médica, laudo médico e termo de responsabilidade.

    A nova resolução também abre caminho para o registro e a posterior oferta de remédios a base da cannabis no país. Até agora, a agência não possui medicamentos registrados com essa composição.

    Para o advogado Emílio Figueiredo, que atua em defesa de pacientes que buscam produtos à base de maconha para uso medicinal, a decisão tende a ser inócua quanto ao THC. "O THC é proibido internacionalmente. Em qualquer país de origem, vai ser proibido colocar o produto no correio e mandar para o Brasil."

    "Com isso, fica mais evidente a necessidade de produção nacional de medicamentos a base da cannabis", diz Figueiredo, que vê a possível abertura para o registro e produção de medicamentos no Brasil como ponto positivo da resolução. "É um avanço."

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