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    A peça que os vírus da dengue e da zika pregaram nas fabricantes de vacinas

    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    24/06/2016 02h02

    A nova pesquisa da "Nature Immunology", que mostra que a infecção prévia por dengue pode agravar o ataque do vírus da zika, traz à tona um grande problema que pode surgir com as vindouras vacinas contra a dengue –a potencialização de outras infecções.

    Em julho do ano passado, uma pesquisa da "Science" comandada pela cientista Shee-Mei Lok, da Universidade de Singapura, tentava desvendar os segredos do DENV2 (subtipo 2 do vírus da dengue, o mais estranhão entre os quatro conhecidos).

    Era difícil criar um anticorpo que reconhecesse esse vírus (Lok conseguiu). E o problema de ter no organismo outros anticorpos –bons para se ligarem ao DENV1 ou ao DENV4, por exemplo– é que eles interagem fracamente com o DENV2.

    Essa interação fraca potencializa a infecção de células por parte do DENV2. Imagine se esse vírus se torna o mais predominante em um determinado ano, quando boa parte das pessoas está vacinada –e com bons anticorpos para os outros três subtipos conhecidos? Talvez tenhamos uma epidemia de dengue hemorrágica (forma severa) entre os que receberam as injeções.

    Por isso, o DENV2 é o pior inimigo das vacinas contra a dengue –a da Sanofi, já aprovada no Brasil, mas que ainda não está à venda, tem 47% de eficácia contra esse subtipo.

    Suponha resolvida a questão do DENV2. Restará o ZIKV (vírus da zika) no caminho. As farmacêuticas e laboratórios que estão produzindo vacinas, como o Instituto Butantan, têm de lidar de maneira urgente com a questão.

    Não dá para aceitar que, depois, digam que essa potencialização da infecção por DENV2 ou ZIKV era um efeito inesperado.

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