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    mosquito aedes aegypti

    EUA registram transmissão sexual do zika de mulher para homem

    MARIANA VERSOLATO
    EDITORA-ADJUNTA DE "COTIDIANO"

    16/07/2016 02h00

    Picture-Alliance/DPA/O.Riveira
    Registrada primeira transmissão do zika de mulher para homem
    Registrada primeira transmissão do zika de mulher para homem

    Os Estados Unidos registraram o primeiro caso em que o vírus da zika foi transmitido sexualmente de uma mulher para um homem.

    O contrário, a transmissão de homem para mulher, já tinha sido apontado anteriormente também nos EUA e na Europa. Cientistas já haviam levantado ainda a possibilidade de o vírus da zika ser transmitido pelo sexo oral.

    Os casos eram basicamente de homens que viajaram para áreas onde ocorre a transmissão pelo Aedes aegypti e depois voltaram para sua terra natal, onde não há sinal do mosquito, e levaram o vírus da zika às suas parceiras pela relação sexual.

    A história agora é de uma mulher jovem de Nova York que viajou para um país onde há transmissão do zika -o CDC (Centro de Controle de Doenças) dos EUA não informou onde- e, na volta, fez sexo com seu parceiro sem preservativo.

    Ela começou a sentir os sintomas da infecção do zika no dia seguinte; ele, apenas alguns dias depois.

    Os dois se consultaram com o mesmo médico, que levantou a possibilidade da transmissão sexual já que o rapaz não sai dos EUA há mais de um ano.

    O caso foi levado ao Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York, que entrevistou o casal. Os relatos eram consistentes e, pela sucessão dos eventos, a hipótese mais provável é que ela tenha passado o vírus ao rapaz.

    Zika e microcefalia

    Um estudo publicado no último dia 11 na revista médica inglesa "The Lancet Infectious Diseases" tinha descrito, pela primeira vez, o achado do vírus da zika no trato genital feminino. Ele já tinha sido encontrado na saliva, na urina, no sangue, sêmen, no leite materno e também no líquido amniótico.

    O artigo conta o caso de uma mulher de 27 anos de Guadalupe, departamento ultramarino da França no Caribe e área oficial de transmissão do vírus.

    Foram feitas coletas de material genital e do colo do útero da paciente, e todos deram positivo para o vírus. Onze dias depois do início dos sintomas as amostras de sangue e urina deram resultado negativo, mas o muco do colo do útero dela ainda dava sinais do vírus da zika.

    "Já imaginávamos que isso seria possível [a mulher transmitir o vírus para o homem], ainda mais depois desse estudo, mas é importante que haja a descrição para confirmar a hipótese e fortalecer a ideia de que existe uma transmissão sexual do zika", diz Max Igor Banks, infectologista do HC da USP.

    Para Paolo Zanotto, virologista da USP, o registro faz com que seja necessário reavaliar o papel da transmissão sexual na epidemia.

    "O que estamos vendo é que o vírus da zika está persistindo por bastante tempo nas pessoas e, com isso, a questão sexual passa a ter um papel extremamente relevante na epidemia."

    Segundo Zanotto, os casos de transmissão sexual do zika são mais facilmente identificáveis quando o casal mora em áreas sem o mosquito e um dos parceiros viaja para região de risco. No Brasil, diz, é mais difícil provar que esse foi o meio de transmissão porque os dois podem ter sido picados pelo mosquito.

    O cientista, porém, afirma que um grupo de homens que têm zika no sêmen está sendo acompanhado na USP. "Vamos desenvolver estudos para entender a transmissão sexual no Brasil e ver se aqui ela é exceção ou um componente da epidemia."

    Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

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