O Truvada, medicamento usado para prevenir a infecção do HIV, começará a ser disponibilizado pelo SUS até início de 2017. O protocolo clínico da PrEP (profilaxia pré-exposição) já está em análise no Ministério da Saúde.

"No melhor cenário, no final desse ano. No pior dos cenários, iniciamos em 2017, no começo do ano", afirmou à Folha Marcelo Freitas, diretor-adjunto do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.

A diretora do departamento, Adele Benzaken, anunciou a intenção ontem, durante o 21ª Conferência Internacional de Aids, na África do Sul.

O Ministério da Saúde encaminhará o pedido de incorporação do medicamento nos protocolos de atendimento para a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), responsável pela avaliação e aprovação da nova aplicação.

A Folha já havia adiantado em maio os planos para implementação e o andamento do processo.

O protocolo PrEP consiste na disponibilização de comprimidos antirretrovirais para pessoas que não têm HIV, evitando a infecção pelo vírus. O procedimento é destinado aos grupos de risco de infecção, como HSM (homens que fazem sexo com homens), a população LGBTI e pessoas que possuem relacionamento com portadores do vírus.

A PrEP estará disponível inicialmente para dez mil pessoas, segundo Benzaken.

Com o compromisso de incorporar o procedimento ao SUS, o Brasil se torna o primeiro país a disponibilizar a PrEP no sistema público de saúde, segundo Freitas.

O SUS atualmente disponibiliza antirretrovirais a portadores de HIV e medicamentos PEP (profilaxia pós-exposição), que devem ser tomados até 72 horas após a relação sexual desprotegida para evitar a infecção pelo vírus.

Tomar o Truvada é um dos passos que fazem parte da PrEP. Além dele, o paciente precisa passar por exames e acompanhamento por profissionais de saúde.

O medicamento está registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como um tratamento da infecção do HIV. Para que seja disponibilizado também como método preventivo na PrEP, o registro precisa ser alterado. Esse processo já está em análise, segundo Freitas.

"Uma vez que o protocolo saia, ele já estará incorporado ao SUS. Caberá a nós o início da disponibilização da PrEP", afirmou o diretor-adjunto.