Na primeira mordida, a alface estala. Aparece o suculento hambúrguer avermelhado por dentro. Gosto e cheiro de carne estão ali, mas a própria carne, não. A empresa americana Impossible Foods diz ter criado o hambúrguer impossível.
Esse é o resultado da mistura de proteínas de batata, trigo, óleo de coco e melão. Feita pelo bioquímico Patrick Brown em nível molecular, ela se torna um hambúrguer de "carne".
O bioquímico da Universidade Stanford é conhecido por ser um dos criadores, nos anos 90, de um método de análise de DNA, conhecido como microarranjo, que ajuda a identificar como os genes se manifestam no corpo, a expressão gênica. Isso auxilia no estudo e determinação de predisposição a doenças, mutações em indivíduos e cânceres. Brown também é um dos fundadores da revista científica gratuita Plos.
A nova empresa de Brown, que o Google tentou comprar por cerca de US$ 300 milhões, quer agradar o paladar dos que não resistem a um bom hambúrguer.
"Não sei se vegetarianos gostariam de algo tão parecido com carne", diz Melissa Clark, diretora comercial que provou a novidade em um evento na Nova Zelândia.
O segredo do hambúrguer, segundo Brown, é o heme, uma molécula presente no sangue e em alguns vegetais que possui ferro e é importante no transporte de oxigênio. A textura da "carne" também impressionou as pessoas. "Mesmo com todo o hype, eu não esperava algo tão carnoso", afirma o escritor Jacy Reese.
AMBIENTE
A pegada ambiental da carne também foi levada em conta na produção do novo hambúrguer. São gastos 15.415 litros de água para a produção de um quilo de carne de boi, de acordo com dados da Water Footprint Network. Segundo a Impossible Foods, seu produto utiliza um quarto da água necessária para a produção de um hambúrguer de carne com peso equivalente. Já as emissões de gases estufa ficam em um oitavo.
"O hambúrguer impossível economiza um banho de 10 minutos", disse à Folha Lance Ignon, porta-voz da empresa.
A nova "carne" fez sua estreia oficial na última quarta (27), em um restaurante de Nova York (EUA). "A tecnologia que desenvolvemos nos permitirá fazer, a partir de plantas, qualquer tipo de carne ou laticínio", afirma Ignon.