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    mosquito aedes aegypti

    Governo confirma cinco casos de zika na turística Miami Beach, nos EUA

    CLÁUDIA COLLUCCI
    GABRIEL ALVES
    DE SÃO PAULO

    19/08/2016 12h26 - Atualizado às 01h54

    Coldwell Banker Reaty - 8.ago.2012/Efe
    Miami Beach é um dos principais destinos de turistas na Flórida (EUA)
    Miami Beach é um dos principais destinos de turistas na Flórida (EUA)

    A badalada Miami Beach, cidade turística de 91 mil habitantes da Flórida (EUA), também tem zika. Autoridades locais de saúde anunciaram nesta sexta-feira ( 19) que cinco pessoas foram infectadas pelo vírus na área central e turística da cidade.

    Outro "cluster", casos que acontecem em uma mesma área, já havia sido detectado na cidade de Miami. As duas áreas estão separadas pela baía de Biscayne, o que representa uma distância de aproximadamente 5 km.

    Entre os infectados em Miami Beach, duas pessoas são residentes locais, outras duas são turistas americanos e uma é de Taiwan –todas foram infectadas na cidade.

    O obstetra Thomaz Gollop, professor da USP, diz ter sido procurado por duas pacientes grávidas que têm viagens agendadas para Orlando e Miami, ambas na Flórida, e estão temerosas com os casos de zika naquela região dos Estados Unidos.

    "Não existe mais barreira geográfica [para o vírus]. Então não faz sentido ter alguma preocupação adicional além daquela que já temos por aqui, no Brasil. As medidas preventivas devem continuar as mesmas", disse.

    Renato Kalil, obstetra do Hospital Albert Einstein, concorda. "Minha orientação tem sido encher a mala de repelente e reaplicar a cada quatro horas. Não tem cabimento a brasileira deixar de viajar ou ficar mais preocupada. A gente já vive no inferno aqui", afirmou Kalil.

    Segundo ele, a orientação mais difícil de ser seguida pelos casais é o uso de preservativo durante a gravidez para evitar a transmissão sexual do vírus. "É complicado, os casais reclamam, mas é o que tem que ser feito."

    Para Gollop, a recomendação inicial de não engravidar em razão do vírus da zika não faz mais sentido porque a situação epidêmica deve se estender muito tempo no Brasil. "Enquanto convivermos com a falta de saneamento, estaremos sujeitos não só a essas doenças [zika, dengue e chikungunya ] como a muitas outras."

    MENOS SEXO

    Os novos casos geraram uma resposta do governo americano, que passou a recomendar que americanas gravidas, especialmente, não viagem para o sul da Flórida. Para outros visitantes, entre outras recomendações, está o pedido de cuidado para evitar a disseminação do vírus, especialmente pela via sexual –seja usando camisinha ou evitando o contato sexual. O principal culpado, no entanto, dizem especialistas, ainda é o mosquito do gênero aedes.

    O governador da Flórida, o republicano Rick Scott, disse à imprensa nesta sexta (19) que a nova área afetada está limitada a aproximadamente 3,9 km² e que as autoridades sanitárias locais estão trabalhando para mitigar os danos causados pelo vírus da zika.

    No total, o Estado de 20,6 milhões de habitantes acumula 36 casos de transmissão local, ou autóctone, do vírus. No território continental dos EUA, já foram detectados um total de 2.260 –boa parte ligada a viagens de seus residentes.

    Lyle Petersen, do Centro de Controle de Doenças do país e responsável pelas respostas à zika, disse que a entidade vai "continuar trabalhando para investigar as infecções identificadas em Miami e intensificar os esforços mosquito controle para reduzir o risco de infecções adicionais".

    "As autoridades da Flórida são experientes neste tipo de trabalho, e, juntos, estamos trabalhando para proteger as mulheres grávidas dos efeitos potencialmente devastadores deste vírus", concluiu.

    Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

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    PERGUNTAS E RESPOSTAS

    1. Quando o vírus da zika surgiu?
    O vírus foi isolado pela primeira vez em 1947, em Uganda. O primeiro caso no Brasil foi registrado em abril de 2015. Há duas cepas: africana e asiática (a que circula no país).

    2. Como ele é transmitido?
    Na maioria das vezes, pela picada do mosquito Aedes aegypti –ele morde uma pessoa infectada e, em seguida, morde outra. Também pode ser passado por contato sexual ou transfusão de sangue.

    3. Quais são os sintomas?
    Em geral, a zika provoca sintomas brandos e passa despercebida. Mas o vírus pode causar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré, ou má-formações congênitas, como a microcefalia em fetos infectados durante a gravidez.

    4. Existe tratamento?
    Não. Por enquanto também não há exames de diagnóstico rápido nem vacina –três vacinas experimentais estão sendo desenvolvidas nos EUA e apresentaram bons resultados em testes com macacos. Outras duas já estão sendo testadas em humanos nos EUA e no Canadá.

    5. A Flórida já não havia registrado outros casos de zika? Por que a preocupação agora?
    Os casos identificados antes eram de pessoas que foram infectadas durante viagens a outros países. Agora, porém, ficou comprovado que 36 pacientes pegaram a doença no próprio Estado, ou seja, o mosquito está circulando na região.

    6. Em quais áreas do Estado houve casos de zika?
    Foram detectadas transmissões locais no bairro Wynwood, em Miami; no Condado de Broward, ao norte da cidade; e na área central e turística da badalada Miami Beach. Em Wynwood, que abriga prédios industriais e residenciais, também foi encontrado um número de mosquitos e larvas de Aedes aegypti "moderadamente elevado".

    7. Quais medidas o governo da Flórida já tomou?
    Na região de Miami, doações de sangue foram suspensas, mais de 50 frascos de repelentes foram distribuídos a moradores de rua pela polícia e, ocasionalmente, aviões pulverizam inseticidas em algumas áreas onde casos do vírus foram registrados. O CDC (Centros para Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA enviou especialistas para investigar o surto da doença.

    8. Devo evitar ir a Miami?
    O governo americano recomenda que grávidas e casais que pretendem ter filhos não viajem à região. Médicos brasileiros, porém, dizem que não há razão para isso e que o risco no Brasil é até maior. Eles recomendam o uso de repelentes a cada quatro horas e de preservativos em relações sexuais.

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