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    mosquito aedes aegypti

    Vermífugo para solitária se mostra promissor contra zika

    DA AFP

    29/08/2016 19h08

    BBC
    Pesquisadores descobriram substâncias que, em laboratório, bloquearam a ação do vírus
    Pesquisadores descobriram substâncias que, em laboratório, bloquearam a ação do vírus

    Um vermífugo utilizado para tratar a tênia, verme também conhecido como solitária, seria capaz de bloquear a propagação do vírus da zika, de acordo com um estudo publicado nesta segunda (29) na revista "Nature Medicine", uma descoberta que pode acelerar o desenvolvimento de um tratamento contra o vírus.

    "É uma primeira etapa em direção a um tratamento capaz de frear a transmissão da doença", afirmou Hengli Tang, professor da Universidade do Estado da Flórida (FSU), nos EUA, que dirigiu o estudo.

    Os pesquisadores americanos fizeram um seleção rigorosa entre 6.000 moléculas já aprovadas nos EUA e que são objeto de testes clínicos. "Nos concentramos nas moléculas mais próximas a uma utilização clínica", explica Tang.

    Durante trabalhos realizados em laboratórios com células infectadas pelo zika, os pesquisadores descobriram duas classes de substâncias, uma capaz de bloquear a multiplicação do vírus e a outra de impedir a morte dessas células.

    A primeira categoria inclui a niclosamida, a substância ativa de medicamentos comercializados há meio século para o tratamento da tênia. Na segunda classe se encontra o emricasan, um tratamento experimental para fibrose hepática, atualmente objeto de testes clínicos.

    As duas classes de substâncias se mostraram eficazes antes e depois da exposição ao zika, e com benefícios importantes quando foram utilizadas de maneira conjunta. Apesar da niclosamida ser bem tolerada e não apresentar riscos para o feto, de acordo com estudos feitos com animais, os pesquisadores não a recomendam para mulheres grávidas.

    Zika e microcefalia

    "Ainda não há provas de que a niclosamida seja eficaz. Estudos com animais seguidos de testes clínicos ainda são necessários", indicou à AFP Hongjun Song, um dos coautores do estudo.

    Em relação ao emricasan, este ainda deve "seguir o processo normal de desenvolvimento dos medicamentos, e isso ainda vai levar algum tempo", acrescentou.

    Não existe nenhuma vacina nem tratamento contra o zika, que causa sintomas brandos como erupção cutânea, dor articular e infecção ocular. Em 80% dos casos, a infecção passa despercebida.

    No entanto, o vírus é particularmente perigoso para as mulheres grávidas, visto que pode causar danos permanentes ao feto em desenvolvimento, incluindo a microcefalia, uma má-formação congênita que faz com que os bebês nasçam com a cabeça anormalmente pequena e que prejudica o desenvolvimento cerebral.

    O zika pode provocar também transtornos neurológicos em adultos, como a síndrome de Guillain-Barré, que afeta os nervos periféricos e pode provocar uma paralisia progressiva.

    Transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, mas também por contato sexual, o vírus provocou no ano passado uma epidemia que se espalhou rapidamente pela América Latina. O Brasil, o país mais afetado, já registrou cerca de 1,5 milhão de pessoas infectadas e mais de 1.700 casos de recém-nascidos com microcefalia.

    A niclosamida poderia ser utilizada não só em mulheres grávidas, mas também "para reduzir a carga viral entre os homens e as mulheres não grávidas, o que reduziria a transmissão do zika e poderia, além disso, evitar casos de síndrome de Guillain-Barré e outras complicações entre os humanos", segundo os pesquisadores.

    "Nossas descobertas e as ferramentas que provemos devem fazer avançar de maneira significativa a pesquisa atual sobre o zika, e ter um efeito imediato sobre o desenvolvimento de tratamentos" contra o vírus, concluem os cientistas.

    Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti

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