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    Cerca de 300 milhões de crianças estão expostas a ar perigosamente poluído

    DA FRANCE PRESSE

    31/10/2016 20h15

    Zanone Fraissat-5.jul.2016/Folhapress
    poluição atmosférica contribui para morte de cerca de 600 mil crianças com menos de cinco anos a cada ano
    Poluição contribui para morte de cerca de 600 mil crianças com menos de cinco anos a cada ano

    São por volta de 300 milhões de crianças que atualmente vivem em locais cujo ar exterior é tão poluído que pode causar danos físicos sérios, incluindo problemas de desenvolvimento cerebral, disse a ONU em um estudo divulgado nesta segunda-feira (31).

    Quase uma em cada sete crianças no mundo todo respira um ar exterior que é pelo menos seis vezes mais poluído do que o recomendado pelas diretrizes internacionais, de acordo com o estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que apontou a poluição atmosférica como um dos principais fatores da mortalidade infantil.

    A Unicef publicou o estudo "Limpem o ar para as crianças" uma semana antes da reunião anual da ONU sobre as mudanças climáticas, que acontecerá no Marrocos entre 7 e 18 de novembro.

    A agência, que promove os direitos e o bem-estar das crianças, está pressionando os líderes mundiais para que tomem medidas urgentes para reduzir a poluição do ar em seus países.

    "A poluição atmosférica é um grande fator contribuinte para a morte de cerca de 600.000 crianças com menos de cinco anos a cada ano, e ela ameaça a vida e o futuro de outras milhões todos os dias", disse Anthony Lake, diretor-executivo da Unicef.

    "Poluentes não afetam apenas os pulmões em desenvolvimento das crianças. Eles podem atravessar a barreira hematoencefálica e danificar permanentemente os seus cérebros em desenvolvimento e, assim, os seus futuros. Nenhuma sociedade pode se dar ao luxo de ignorar a poluição do ar", disse Lake.

    O ar tóxico é um empecilho para economias e sociedades, e seu custo já corresponde a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global, disse a Unicef.

    A previsão é que esses custos aumentem para cerca de 1% do PIB em 2060, segundo a agência, conforme a poluição do ar piora em muitas partes do mundo.

    De acordo com a Unicef, imagens de satélite confirmam que cerca de dois bilhões de crianças vivem em áreas onde a poluição do ar exterior excede as diretrizes mínimas de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

    O ar é contaminado por emissões de veículos, combustíveis fósseis, poeira, queima de resíduos e outros poluentes atmosféricos, disse.

    O sul asiático tem o maior número de crianças que vivem em tais áreas, cerca de 620 milhões, seguido pela África, com 520 milhões, e pelo leste da Ásia e a região do Pacífico, com 450 milhões.

    O estudo também analisou a poluição do ar interior, geralmente causada pela queima de carvão e de lenha para cozinhar e para se aquecer.

    Juntas, a poluição do ar interior e a do ar exterior estão diretamente ligadas à pneumonia e a outras doenças respiratórias que são responsáveis ​​por quase uma entre 10 mortes de crianças com menos de cinco anos de idade, ou cerca de 600.000 crianças, fazendo da poluição do ar um dos maiores riscos para a saúde das crianças, disse a Unicef.

    A agência observou que as crianças são mais suscetíveis do que os adultos à poluição do ar interior e exterior, porque os seus pulmões, cérebro e sistema imunológico ainda estão em desenvolvimento e as suas vias respiratórias são mais permeáveis.

    As crianças respiram duas vezes mais rápido que os adultos e inspiram mais ar em relação ao seu peso corporal.

    As crianças mais vulneráveis ​​a doenças causadas pela poluição do ar são as que vivem na pobreza, que tendem a ter a saúde pior e pouco acesso a serviços de saúde.

    PROTEÇÃO

    Para combater estes efeitos nocivos, a Unicef vai chamar os líderes mundiais a tomarem medidas urgentes para proteger melhor as crianças, durante a reunião da ONU sobre as mudanças climáticas em Marraquexe, a COP22.

    "Reduzir a poluição do ar é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para as crianças", disse a Unicef no seu relatório.

    A agência acrescentou que os governos deveriam tomar medidas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis e aumentar os investimentos em energia sustentável e em desenvolvimento de baixo carbono.

    A agência também apelou para um melhor monitoramento da poluição atmosférica para ajudar as pessoas a reduzirem a sua exposição.

    O acesso das crianças a cuidados de saúde de boa qualidade precisa melhorar e a amamentação nos primeiros seis meses de vida da criança deve ser encorajada para ajudar a prevenir a pneumonia, acrescentou.

    Os formuladores de políticas deveriam "desenvolver e construir consensos sobre os indicadores de saúde ambiental das crianças", urgiu o relatório.

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