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    mosquito aedes aegypti

    Medo de zika faz brasileiras adiarem plano de ser mãe

    DE SÃO PAULO

    23/12/2016 02h00

    Divulgação
    O estudo ouviu 2.002 mulheres brasileiras
    O estudo ouviu 2.002 mulheres brasileiras

    Muitas mulheres brasileiras escolheram adiar os planos de gravidez devido a epidemia de zika no país, revelou um estudo divulgado nesta quinta (22).

    Os dados, que foram publicados no "Journal of Family Planning and Reproductive Health Care", fazem parte da Pesquisa Nacional de Aborto 2016 (PNA 2016).

    O objetivo da PNA 2016 foi estimar a magnitude do aborto no Brasil e, para isso, realizou um inquérito domiciliar com 2.002 mulheres com idade de 18 a 39 anos, alfabetizadas e residentes em centros urbanos.

    Entre as perguntas presentes no formulário havia uma relacionada à zika e o adiamento da gravidez.

    O medo do vírus fez com que 56% das entrevistadas adiassem ou tentassem adiar engravidar no ano de 2016.

    Enquanto isso, 27% não se preocuparam em evitar a gravidez por conta da epidemia e 16% não planejavam ter filhos, independentemente do vírus da zika.

    Segundo os autores, o resultado lança luz sobre a necessidade de tornar mais eficaz e simples o acesso a contraceptivos, inclusive os de longa duração, como DIUs (dispositivos intrauterinos) e implantes hormonais -atualmente não disponíveis na rede de saúde pública.

    "O Brasil precisa, urgentemente, reavaliar suas políticas de saúde reprodutiva para garantir melhor acesso a informações e métodos contraceptivos", dizem os pesquisadores no estudo.

    Os resultados também foram relacionados com a questão do aborto. "O elevado número de mulheres que evitou engravidar devido ao vírus da zika indica que a resposta do governo brasileiro deve se concentrar na questão de saúde reprodutiva. Isso inclui a revisão da contínua criminalização do aborto", afirmam.

    Possivelmente devido à concentração de casos de zika e microcefalia no nordestes brasileiro, mais mulheres nordestinas (66%) afirmaram ter evitado engravidar. Enquanto isso, 46% das do sudeste disseram ter adiado os planos de gravidez.

    Entre brasileiras negras e pardas, respectivamente 64% e 56% evitaram engravidar. Entre as brancas, o valor fica em 51%. Isso demonstraria, de acordo com os autores, o impacto da epidemia mais acentuado em determinados grupos étnicos.

    O estudo, realizado em junho desse ano, foi liderado por Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília.

    Neste ano, segundo o Ministério da Saúde, houve 211 mil casos prováveis de zika no Brasil.

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