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    Aos 40, Incor quita dívida e abre pronto-socorro de ponta

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    23/04/2017 02h00

    Em seu aniversário de 40 anos, o Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas de São Paulo, inaugura na próxima quinta (27) o novo pronto-socorro, que passa a ser uma das emergências cardiológicas mais bem estruturadas da cidade de São Paulo.

    No mesmo prédio, o PS estará integrado ao setor de exames diagnósticos e à hemodinâmica, que ocupará três andares. Antes, os pacientes tinham que ser transferidos para outro prédio para fazer os procedimentos.

    Com a integração, a pessoa que chega infartada ao PS estará em seis minutos na hemodinâmica para o tratamento (colocação de stent, por exemplo). "Quanto antes abrir a artéria, melhor. Tempo é músculo", diz o cardiologista Roberto Kalil, presidente do conselho diretor do Incor.

    40 anos de Incor

    A unidade terá uma sala especial para a colocação de marcapasso por escopia (por meio do uso de raios X).

    O tamanho do pronto-socorro quase triplicou, de 600 m² de área para 1.600 m². O número de atendimentos, porém, será o mesmo –15 mil por ano. Só serão atendidos no local casos cardiológicos graves, encaminhados por outros serviços de saúde.

    Até dois anos atrás, o PS tinha "porta aberta", ou seja, os pacientes iam até lá por conta própria.

    "As pessoas vinham com gripe, resfriado. Era um caos. O PS chegou a ser fechado algumas vezes. O problema era insolúvel", lembra Kalil.

    Durante a construção do novo prédio, o pronto-socorro funcionou em um espaço ao lado. Ao mesmo tempo, o sistema de entrada mudou e houve uma hierarquização do atendimento do paciente SUS.

    Segundo o cirurgião Fabio Jatene, vice-presidente do conselho, o primeiro atendimento passou a ser feito no serviço de saúde mais próximo do doente, como um pronto-socorro ou hospital.

    "Se o caso cardiológico ou pulmonar for muito grave, o médico entra em contato com o plantão controlador da Secretaria de Estado da Saúde, que o encaminha para o Incor", afirma Jatene.

    De acordo com Múcio Tavares de Oliveira Jr., diretor da unidade de emergência do Incor, antes dessa mudança só 16% dos casos atendidos por mês no pronto-socorro do instituto eram infartos. Agora, esse índice é de 60%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    "O Incor volta ao seu princípio fundamental, que é atender o paciente de alta complexidade. Não vamos atender mais [em quantidade], mas vamos atender melhor, dando mais conforto ao paciente", diz Edison Tayar, diretor-executivo do Incor.

    A próxima meta, segundo Kalil, é criar no PS um serviço de telemedicina que dê suporte à distância, como orientar a equipe do Samu para já aplicar o trombolítico (drogas de rápida dissolução de coágulos sanguíneos) no paciente infartado antes da chegada ao Incor.

    DÍVIDA

    Outra boa notícia é que, em setembro próximo, a Fundação Zerbini, mantenedora do Incor, quitará com bancos uma dívida de R$ 464 milhões que foi sendo paga ao longo de mais de uma década.

    "Foi um período de vacas magras. Tivemos que fazer uma economia de guerra. O processo de inovação e de incorporação de novas tecnologias no instituto ficou prejudicado", diz Jatene.

    Uma das medidas foi modernizar a gestão, que passou para as mãos de José Antônio de Lima, especializado em administração hospitalar.

    Segundo Lima, houve revisão de contratos com fornecedores, abertura de sindicâncias e renegociação de preços de produtos. Com isso, dispositivos que antes não eram acessíveis ao paciente SUS, como stents farmacológicos e corações artificiais, passaram a ser.

    Nos últimos anos, empresários passaram a ajudar o Incor. Reformas da pediatria e do anfiteatro, por exemplo, foram possíveis graças a doações, que somam por ano cerca de R$ 2,5 milhões.

    Agora, essa captação de recursos está sendo profissionalizada também com a ajuda de um grupo de empresários. A meta é que as doações passem a R$ 150 milhões ao ano.

    "Quando você resgata a credibilidade, todo mundo quer ajudar", diz Kalil.

    Em 2016, a receita global do Incor foi de R$ 540 milhões. Metade dos recursos vem do Estado, e a outra metade vem da fundação, por meio do SUS e de convênios.

    Outra novidade do instituto em seu 40º ano é o projeto InovaIncor, que cria soluções para as áreas cardiovascular e respiratória.

    "São projetos de inovação tecnológica, como o desenvolvimento de softwares, válvulas, aparelhagens. No passado, existia a área de bioengenharia do Incor e queremos retomar isso", explica Kalil.

    E o que esperar do Incor nos próximos 40 anos?

    "Voltar ao Incor do passado. Sem dívidas, com credibilidade, inovando, modernizando-se e voltado ao ensino, à pesquisa e à assistência."

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