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A crise financeira da ciência brasileira foi o mote do discurso de agradecimento da pesquisadora da USP Clarissa Ribeiro Reily Rocha, vencedora do 8º Prêmio Octavio Frias de Oliveira na categoria Pesquisa em Oncologia.

"Não há como ter pesquisa de qualidade sem financiamento, mesmo que haja formação, mesmo que haja interesse. Presto aqui minha solidariedade aos pesquisadores que estão sofrendo com os cortes do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Não desanimem. Animem-se para a luta. Não há grandes conquistas sem luta. Quando o Brasil reconhecer a ciência como prioridade, poderá ter o desenvolvimento que merece e de que precisa", disse ela, que foi bastante aplaudida.

No início deste mês, a UFRJ enviou um comunicado a seu corpo docente anunciando que os alunos de iniciação científica que têm bolsa do CNPq deixariam de receber o benefício a partir do próximo mês.

A entidade é uma das maiores financiadoras da pesquisa brasileira e o possível corte nas bolsas é um reflexo do contingenciamento de verbas que atinge várias áreas do governo, inclusive o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que sofreu restrição de mais de 40% do montante inicialmente proposto para a pasta.

A cerimônia de entrega ocorreu na terça (8), no teatro da Faculdade de Medicina da USP. O prêmio contemplou trabalhos originais publicados em revistas científicas entre 2016 e 2017. Cada escolhido recebeu R$ 16 mil e um certificado.

A premiação é iniciativa do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), em parceria com o Grupo Folha. A láurea, que leva o nome do então publisher da Folha, morto em 2007, busca reconhecer e estimular contribuições na área oncológica.

Um estudo de Rocha e colaboradores da USP e da UFRJ conseguiu desvendar um dos mecanismos por trás da resistência de um tipo de tumor cerebral à quimioterapia e mostrou que a combinação de duas drogas pode ampliar a eficácia do tratamento contra a doença.

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Na categoria Inovação Tecnológica do prêmio, venceu um estudo que usou uma sonda à laser para aprimorar o diagnóstico em tempo real de lesões cancerosas de esôfago.

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Na categoria Personalidade em Destaque, a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos (PP-RS) foi a premiada em reconhecimento ao seu trabalho na assistência às pessoas com câncer. Ela compartilhou o prêmio com os pacientes e doou o valor para o Instituto de Câncer Infantil de Porto Alegre.

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"Todo ano ano fazemos essa reflexão sobre o que é preciso fazer em prol do paciente com câncer. Os trabalhos premiados mostram que, para vencer na guerra contra o câncer, precisamos de um exército plural que, hoje, vemos representado aqui", afirmou Roger Chammas, presidente do Conselho Diretor do Icesp.