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    Jardim das Sensações estimula "intimidade verde" com visitante

    DIMITRI DO VALLE
    da Agência Folha, em Curitiba

    14/01/2009 16h06

    Um local onde se estimula que o visitante aguce tato e olfato para se tornar íntimo de parte da flora brasileira é a proposta do Jardim das Sensações, uma espécie de galeria de plantas e ervas a céu aberto inaugurada em dezembro em um dos principais cartões-postais de Curitiba, o Jardim Botânico.

    Se é comum que áreas verdes de um parque fiquem isoladas do público para sua natural conservação e apreciação, no jardim o conceito é subvertido.

    Renato Stockler/Folha Imagem
    Vista da estufa do Jardim Botânico, parque em que está localizado o Jardim das Sensações, uma galeria de plantas e ervas a céu aberto
    Vista da estufa do Jardim Botânico, parque em que está localizado o Jardim das Sensações, uma galeria de plantas e ervas a céu aberto

    No passeio, o visitante deve cheirar e tocar tudo o que se encontrar pela frente, inclusive com a possibilidade de vendar os olhos, experiência que promete aprofundar a ideia que se tinha de uma planta já conhecida, como o hortelã, boldinho ou cebolinha. Como a aproximação é total, as plantas escolhidas não têm propriedades naturais de causar problemas de saúde ao visitante, segundo a direção do local.

    São cerca de 50 espécies de plantas e ervas instaladas em pequenos canteiros e vasos ao longo de uma pista de concreto de 200 metros para ser percorrida a pé. A entrada é gratuita. O local é mantido pela prefeitura.

    Cadeirantes e pessoas com deficiência visual podem fazer o mesmo percurso usando as mesmas barras instaladas junto às plantas.

    Além de ajudar no equilíbrio, a barra é o instrumento condutor de todo o percurso para quem o fizer vendado com o auxílio de uma tira de papel entregue na entrada do jardim. Fitas coladas na barra com inscrições em braile identificarão para os visitantes cegos o nome das plantas.

    "Aqui é para tocar em tudo e estabelecer uma relação nova com uma planta que muitas vezes conhecemos de vista, mas não temos ideia das três coisas que queremos trabalhar aqui: o aroma, a forma e a textura", diz a bióloga Clarisse Poliquesi, uma das coordenadoras.

    A experiência de percorrer o jardim de olhos vendados causa estranhamento e curiosidade. Como os canteiros estão lado a lado, o estímulo para continuar o passeio é renovado pela expectativa do que está por vir.

    Um punhado de cascas de pinhão pode ser confundido com peças de um pequeno quebra-cabeça. Em outro vaso, o cheiro remete a um tempero que valoriza o sabor da pizza, mas o toque denuncia uma planta rasteira e pequenina: o orégano.

    A audição também é estimulada na parte final do trajeto. Uma cascata e um conjunto de sinos feitos com bambu movimentados pelo vento reforçam a sensação de relaxamento e tranquilidade do jardim.

    Segundo Clarisse Poliquesi, o visitante de primeira viagem não deve esperar obter sensações de susto, como se estivesse colocando a mão dentro de uma caixa para esperar um choque. "Aqui queremos apenas que as pessoas tenham sensações diferentes, mas que sejam agradáveis."

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