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    Brasil ganha novo método de laqueadura

    FLÁVIA MANTOVANI
    editora-assistente de Equilíbrio da Folha de S.Paulo

    18/09/2009 11h51

    Está sendo lançado hoje no Brasil um novo método de laqueadura que tem mais chance de ser revertido caso a mulher se arrependa. Trata-se de um clipe de titânio e silicone que comprime as tubas, impedindo que ocorra a fecundação.

    Chamado Filshie Clip, o clipe danifica só 4 mm da tuba. No método tradicional, em que o órgão é amarrado e cortado, a lesão é de até 5 cm. Segundo o ginecologista Waldir Modotti, professor da Unesp de Botucatu, de 20% a 35% das pacientes se arrependem da laqueadura. "Quando vamos recanalizar, precisamos do máximo possível de trompa sadia."

    Editoria de Arte/Folha Imagem

    A eficácia do clipe é de 99,76%, e a taxa de reversão, de 90% -no caso das técnicas mais usadas no país, a chance de reversão varia de 50% a 70%.

    Ele reduz a chance de ocorrer a síndrome pós-laqueadura, que traz sintomas como irregularidade menstrual e deficiência na ovulação e afeta cerca de 80% das mulheres submetidas ao método convencional.

    Modotti estuda o Filshie Clip desde os anos 80 e propôs um meio menos invasivo de colocá-lo --por microlaparoscopia. O clipe também pode ser aplicado por laparoscopia comum, um pouco mais invasiva, ou por cirurgia aberta, mais invasiva ainda. A colocação por microlaparoscopia é ambulatorial, com anestesia local e sedação. A cicatriz também fica menor.

    A mulher recebe alta no mesmo dia e pode voltar a trabalhar três dias depois. Na laqueadura convencional, a cirurgia é semelhante a uma cesárea. O clipe não precisa ser trocado -fica no corpo definitivamente.

    Para Maurício Abrão, ginecologista do Hospital Sírio-Libanês, a facilidade da colocação é uma vantagem. "É um avanço. Além de ser mais simples de aplicar, lesa menos a tuba e os vasos que irrigam o ovário. Seguramente a técnica vai ser disseminada no Brasil." Ele coordena o 1º Congresso Brasileiro de Endometriose e Endoscopia Ginecológica, no qual o Filshie Clip está sendo lançado.

    A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o Filshie Clip há cerca de dois meses, o que tornou o Brasil o primeiro país da América Latina a adotá-lo. Mas ele é utilizado no mundo desde 1975.

    Na Inglaterra e no Canadá, é a técnica escolhida para mais de 80% das laqueaduras. Médicos de outros países da Europa, dos EUA, da Austrália e da Ásia também usam o clipe, que já foi aplicado mais de 8 milhões de vezes. Até hoje, apenas um caso de rejeição foi descrito.

    O Brasil é um dos países que mais fazem esterilizações --40% das mulheres optam pelo processo. O preço do Filshie Clip varia segundo a forma de aplicação. O kit com o clipe e o aplicador custa de R$ 1.000 a R$ 1.600. Na laqueadura tradicional, usa-se apenas um fio, que custa em torno de R$ 50 (fora os custos de internação).

    Apesar das chances de reversão, o ginecologista Waldir Modotti pede cautela. "Não se deve usar esse método pensando em desfazê-lo. Ainda há 10% de pacientes que não conseguem obter a recanalização", alerta.

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