Os casos de coqueluche, doença respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis, estão aumentando nos últimos anos na América Latina, segundo estatísticas da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que, de 2006 a 2008, a incidência da doença quase triplicou.
O tema foi discutido no 14º Congresso Internacional de Doenças Infecciosas, realizado em Miami na última semana.
Segundo os palestrantes, o ressurgimento da doença é explicado, principalmente, pelo aumento de casos em adolescentes e jovens adultos.
"Após dez anos, perde-se a imunidade da vacina. Se temos uma ótima cobertura vacinal em crianças pequenas, a diminuição de bactérias circulando deixa as gerações seguintes de adolescentes com menos reforços naturais [à imunidade]. Essa população que perdeu a imunidade contrai a bactéria e a transmite para a parcela mais suscetível, de crianças com menos de um ano", diz Hugo Paganini, chefe do Departamento de Infectologia do Hospital Garrahan, na Argentina.
Crianças que ainda não receberam a vacinação completa (três doses, aos dois, quatro e seis meses), correm mais risco de serem contagiadas pelos pais ou irmãos mais velhos.
Em bebês, as complicações da doença são mais sérias. "Na Argentina, a mortalidade de bebês abaixo dos seis meses por causa da coqueluche é de aproximadamente 4%", afirma Ángela Gentile, médica do hospital infantil Ricardo Gutiérrez, em Buenos Aires.
Dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo apontam 3,45% de letalidade em crianças de até seis meses.
Telma Carvalhaes, diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória da secretaria, afirma que os casos de coqueluche no Estado passaram de 96, em 2006, para 258, em 2008.
A repórter Iara Biderman viajou a Miami a convite da Sanofi Aventis
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