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    Maioria dos prontuários médicos é mal preenchida, diz pesquisa

    MARIANA VERSOLATO
    DE SÃO PAULO

    26/01/2011 11h24

    A maioria dos prontuários de pacientes não é preenchida de forma completa pelos médicos, segundo pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Pernambuco.

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    O prontuário é um direito do paciente, segundo o Código de Ética do CFM (Conselho Federal de Medicina).

    Entre os riscos que o paciente corre quando o prontuário não é bem preenchido estão erros na administração de remédios e falta de continuidade no tratamento.

    Os próprios médicos podem ser prejudicados, em casos de questionamentos sobre as condutas adotadas e processos jurídicos.

    A pesquisa analisou 750 prontuários de internação de adultos e crianças em cinco hospitais de Recife.

    Desses, 60% estavam incompletos, em branco ou ilegíveis, contrariando o que estabelece o CFM.

    Devem estar no documento informações como identificação do paciente, exames, evolução do caso e procedimentos adotados.

    O estudo deu notas aos prontuários de acordo com os itens que eles deveriam conter. Para elaborar esses requisitos, o pesquisador se baseou em protocolos das escolas de medicina do país.

    Dois dos hospitais avaliados eram públicos, dois eram particulares e um era filantrópico (público, mantido por instituição privada). Os nomes das instituições não foram revelados.

    Os hospitais particulares tiveram o maior número de prontuários péssimos: 68,3% do total. Nos dois hospitais públicos, 60% dos documentos receberam a pior nota. No filantrópico, 59,5% das fichas eram péssimas.

    MOTIVOS

    Segundo Adriano Cavalcante Sampaio, professor da Faculdade de Ciências Médicas da UPE e autor da pesquisa, esses números revelam que o problema, já conhecido, é mais profundo do que se imaginava.

    A pesquisa também entrevistou os médicos para saber os motivos das falhas. Eles alegaram falta de tempo e de cobrança dos hospitais.

    O presidente da Sociedade Panamericana de Medicina Hospitalar, Guilherme Barcellos, afirma que a visão antiga da medicina não estimulava o compartilhamento das informações, e isso tem mudado só recentemente.

    O multiemprego piora a situação. "O médico trabalha em dez lugares ao mesmo tempo, mas em nenhum de forma plena, e deixa os prontuários para o final", afirma.

    Sampaio cita falhas na formação dos profissionais, que não estimula a qualidade ética do atendimento. "Se você respeita o paciente, você respeita o direito dele."

    Para Antonio Carlos Lopes, professor de clínica médica da Unifesp, muitos médicos têm má vontade. "O prontuário acaba virando uma "colcha de retalhos"."

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