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    OMS classifica celular como 'possivelmente cancerígeno'; leia bate-papo

    DE SÃO PAULO

    02/06/2011 18h25

    A jornalista Débora Mismetti, 29, editora-assistente de Saúde da Folha, participou hoje de bate-papo sobre o risco de câncer provocado pela radiação do celular.Na terça-feira, a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou, pela primeira vez, o celular como "possivelmente cancerígeno". O uso do aparelho está na terceira categoria de agentes que podem levar a tumores --em uma lista com mais de 200 itens, que inclui de café até o pesticida DDT.

    Folhapress
    Débora Mismetti é editora-assistente de Saúde desde março de 2010
    Débora Mismetti é editora-assistente de Saúde desde março de 2010

    Segundo a jornalista, o estudo da OMS só classificou o celular como "possivelmente cancerígeno", o que é diferente de dizer que ele é cancerígeno. "Por enquanto, a indústria não tentou desmentir a OMS. O que o representante dos fabricantes informou até agora é que reconhece que a OMS encaixou o celular na categoria de elementos que devem ser estudados. Até porque a OMS não está dizendo que o celular é cancerígeno, e sim que existe uma possibilidade", respondeu ela a uma pergunta de internauta.

    Participaram do bate-papo 232 pessoas.

    O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

    *

    (05:03:53) Débora Mismetti: Boa tarde a todos

    (05:04:20) Dudu: Boa tarde, vc acha realmente possível ter cancer por causa do celular, sendo que, há anos, usamos o aparelho???

    (05:06:03) Débora Mismetti: Olá, Dudu. Essa possibilidade ainda está sendo estudada pelos pesquisadores da Organização Mundial da Saúde. Os dados ainda são muito contraditórios, mas há cientistas que acreditam nessa possibilidade. Pessoalmente, acho que isso ainda é muito difícil de provar com os dados de que dispomos hoje.

    (05:06:17) Miguel: Débora, se realmente ficar comprovado que celulares são responsáveis pelo aumento da incidência de câncer, como a indústria irá se comportar?

    (05:07:50) Débora Mismetti: Miguel, a posição da indústria hoje é de cautela. Eles já estão recomendando que as pessoas usem o celular longe da cabeça quando for possível, que usem viva-voz e prefiram mandar mensagens de texto em vez de falar com o aparelho na cabeça. Se algo for provado, acho que eles deverão investir em maneiras para que o celular funcione com menor potência do que hoje, com antenas ainda mais eficientes.

    (05:08:05) Maykon: Boa tarde Debora, tudo bom? Minha primeira pergunta é sobre a questão das tecnologias usadas nos celulares. Com o avanço e novos modelos houve uma diminuição de materiais causadores ou continua na mesma proporção. Obrigado.

    (05:12:13) Débora Mismetti: Maykon, a tecnologia tem se aprimorado bastante. A questão é que temos usado o celular cada vez mais, o que nos deixa mais expostos. O caminho para proteger o usuário precisa ser de mão dupla: um uso mais consciente e tecnologia mais eficiente para reduzir a exposição às ondas eletromagnéticas.

    (05:12:22) Livia: Débora, gostaria de saber do risco de câncer provocado pela radiação de antenas de celular. Pretendo comprar um apto. no último andar de um prédio que tem uma antena de celular e gostaria de saber se há riscos.

    (05:12:27) Geraldo: Débora, boa tarde. As antenas de celular também podem oferecer algum risco? Moro a cerca de 30 metros de uma antena e de 100 metros de outra. Tem ainda o caso das antenas que emitem o sinal de mais de uma operadora. Nesse caso o risco é ainda maior? Obrigado. Geraldo.

    (05:19:31) Débora Mismetti: Oi, Livia e Geraldo. Já foram feitos estudos sobre o perigo de câncer para quem mora perto de antenas. Um, aqui no Brasil, mostrou um índice maior de tumores na região dessas antenas. Outras pesquisas internacionais não acharam essa associação. É difícil saber se uma antena causa câncer em uma população porque é preciso isolar outras tantas variáveis: se essas pessoas fumam, se têm predisposição genética, entre outros fatores. Ainda não dá para dizer com certeza que as antenas são um risco para a população.

    (05:13:47) Carol: Boa tarde, que pesquisas comprovam que é possível ter câncer com o celular? Que tipo de câncer?

    (05:22:24) Débora Mismetti: Oi, Carol, as pesquisas em que a OMS se baseou para fazer o alerta desta semana se chamam "Interphone" e falam em risco de câncer no cérebro para quem usou o celular por 30 minutos por dia por dez anos. Mas ainda não há comprovação de que o celular seja responsável pelo aumento do número de casos. Outros estudos não mostraram isso.

    (05:22:38) Dérick: Gostaria de saber quais são os tipos de aparelhos TELEMÓVEIS que não apresentam riscos cancerígenos. (???)

    (05:22:53) Dérick: Débora, qual seria sua dica na hora da compra de um aparelho celular???

    (05:25:03) Débora Mismetti: Dérick, todos os celulares à venda passam por testes para averiguar o quanto eles expõem o usuário ao efeito das ondas eletromagnéticas. No manual dos aparelhos tem sempre a indicação dessa exposição, em W/kg. Você pode checar essa informação no manual, mas todos são obrigados a ficar em um limite de segurança para isso. Essa exposição é testada em laboratório.

    (05:25:31) Jonas: Li sobre alguns cuidados que deve-se tomar com o celular para se evitar a radiação, como usar mais o fone de ouvido, ficar pelo menos a 20 cm do aparelho. Mas devido a necessidade de comunicação se torna muito difícil não usar o celuar. Gostaria de saber qual o tempo ideal de uso estimado do aparelho?

    (05:27:25) Débora Mismetti: Oi, Jonas, não precisa ficar a 20 cm, e sim a 2 cm. Alguns manuais de aparelhos recomendam isso também. O ideal é limitar a conversa a períodos curtos, mas não tenho um número exato para te passar. Se você estiver preocupado, acho que o fone é a maneira mais fácil de seguir as recomendações de segurança.

    (05:27:35) Theo: Boa tarde Minha pergunta é se levar o celular no bolso da calça como eu sepre faço é uma fator de risco?

    (05:30:32) Débora Mismetti: Oi, Theo, alguns manuais de celulares não recomendam mesmo deixar o telefone no bolso. Isso pode ser ruim por um motivo simples, que é o aquecimento. As ondas do celular têm um efeito térmico, que é bem baixo. Mas pesquisas citadas no livro "Disconnect", da pesquisadora Devra Davis, mostram que o celular pode reduzir a qualidade do esperma, prejudicando a fertilidade. De novo, nada é comprovado.

    (05:31:09) sahtiro: o real problema desses aparelhos não seria o campo eletromagnético formado pela radição?

    (05:32:55) Débora Mismetti: Sahtiro, os aparelhos de celular emitem ondas eletromagnéticas, assim como outros meios de comunicação. O efeito dessas ondas do celular que é comprovado até agora é térmico.

    (05:33:01) estudante: debora, além dos celulares, quais outros aparelhos tecnológicos podem provocar o mesmo efeito cancerígeno

    (05:35:04) Débora Mismetti: Estudante, quanto ao celular, ainda não há certeza alguma de que cause câncer. Outras coisas sendo estudadas são redes sem fio de computador, bluetooth, enfim, tudo o que funcione por ondas eletromagnéticas.

    (05:35:12) eng° ricardo: boa tarde... quais os estudos cientificsos e quais os paises que adotam algum tipo de providência para este caso

    (05:36:46) Débora Mismetti: Ricardo, uma coisa que todos os países exigem é o teste de exposição do usuário, que já comentei aqui. Você encontra esse índice máximo de exposição no manual do seu celular. Algumas cidades já pediram uma redução na potência das antenas de celular também e se estuda restringir a publicidade de celulares para crianças.

    (05:36:48) ana: Débora, outra questão bem controvertida e que me deixa com muita preocupação caso seja verdade, é a questão dos micro-ondas serem ou não cancerígenos

    (05:39:01) Débora Mismetti: Ana, os aparelhos têm uma proteção para que as ondas não vazem. Não conheço pesquisas ligando o uso de micro-ondas a câncer.

    (05:39:12) eng° ricardo: Confome o site da "CNN", a radiação nefasta dos celulares é do tipo não-ionizante, menos perigosa que a de uma máquina de Raio X, mas semelhante à de um forno de micro-ondas em baixa potência. O efeito compara-se ao de cozinhar o cérebro do usuário. voçe concorda?

    (05:40:28) Débora Mismetti: Ricardo, não acho que podemos dizer que o celular "cozinha" o cérebro. A energia de uma onda de celular é muito mais baixa do que a de um micro-ondas que vai cozinhar alimentos. As ondas realmente têm efeito térmico, mas o aquecimento causado por elas é baixo.

    (05:40:50) Ana: Débora, boa tarde! Aém do celular haveria por assim dizer uma outra doença, um outro risco que o celular poderia estar causando às pessoas? Um abraço, muitos dizem que me pareço muito com vc, te add no twitter!

    (05:41:57) Débora Mismetti: Oi, Ana. Há outros riscos que estão sendo analisados. Como comentei, há quem estude o efeito do celular na fertilidade, mas nada está certo ainda. Uma coisa que preocupa os cientistas é o efeito do celular em crianças.Uma pesquisa que começou no ano passado, mas que vai levar muito tempo para apresentar conclusões, deve analisar efeitos do celular em crianças. Como o cérebro delas está em desenvolvimento, teme-se um efeito mais potente no caso delas.

    (05:43:01) Júlio: é verdade que carregar celular no bolso da causa pode causar disfunção erétil?

    (05:43:30) Débora Mismetti: Júlio, não conheço pesquisas ligando celular a disfunção erétil.

    (05:43:37) Theodoro Prado: Débora, boa tarde. E outros equipamentos eletrônicos como "tablets" e lap top's. Há um índice de radiação? É maior ou menor que os campos formados pelo celular?

    (05:44:55) Débora Mismetti: Theodoro, se os equipamentos se comunicam em rede, eles também emitem ondas, mas não sei se a intensidade é maior ou menor. O que os médicos não recomendam é usar o laptops no colo, por causa do aquecimento.

    (05:45:05) Carol: Que testes são feitos para comprovar a probabilidade de cancer por causa do celular?

    (05:46:11) Débora Mismetti: Carol, os testes acompanham uma população usuária de celular e um grupo-controle. Os pesquisadores perguntam para as pessoas com que frequência usam o celular e acompanham o aparecimento de doenças que desconfiam estar relacionadas, como o câncer de cérebro.

    (05:46:20) Paulo_BH: Débora, estamos recebendo radiação a todo tempo quando saímos de nossas casas e até mesmo dentro delas, então gostaria de saber de você, como jornalista, se acredita mesmo nessa hipótese levando em consideração que o câncer mais difundido hoje é o de pele.

    (05:47:22) Débora Mismetti: Paulo, realmente, nosso planeta tem diversas fontes naturais de radiação. Os raios UVA do sol são comprovadamente cancerígenos, enquanto que para o celular não há provas conclusivas.É preciso saber se a soma das fontes de radiação criadas pelo homem às naturais pode aumentar o risco de câncer. Nós nos protegemos dos raios UVA evitando a exposição ao sol, usando protetor solar. Alguns dizem que devemos nos proteger também das ondas do celular usando fones e viva-voz.

    (05:47:31) Givaza: Olá Débora! Trabalhei por 07 anos seguidos com celular corporativo onde falava diariamente por horas ao ponto de trocar de bateria. Neste caso, sugere algum exame e ou acompanhamento específico?

    (05:49:59) Débora Mismetti: Givaza, acho que, se você está preocupado, deve falar com seu médico, mas não posso recomendar um exame para você.

    (05:48:45) bama: Débora, boa tarde! O celular somente ligado, sem receber o enviar chamadas também pode causar câncer?

    (05:50:39) Débora Mismetti: Bama, é preciso ter cautela. Nem sabemos ainda se o celular ligado perto da cabeça causa câncer.

    (05:50:10) Vinicius: Li que aqueles celulares antigos, com antena externa, emitem sinal em todas as direções, mas os novos só emitem no sentido contrário da saída de som (ou seja, pra fora), é verdade? Então eu poderia guardar o celular no bolso, desde que com o visor pro lado de dentro e a "antena pra fora"?

    (05:51:49) Débora Mismetti: Vinicius, a antena do celular é direcional. Alguns modelos têm orientações de como segurar o aparelho da melhor forma.

    (05:51:57) RodKenobi: Débora, na sua opinião a posição da OMS foi exagerada? Como vemos aqui, todos já partem do princípio que faz mal, como se fosse uma certeza..

    (05:53:16) Débora Mismetti: RodKenobi, não acho que a OMS tenha exagerado. Se formos ver a classificação dada ao celular pela OMS, ela diz que ele é possivelmente cancerígeno. Nem provavelmente cancerígeno ele é. Não de acordo com as pesquisas que temos hoje.

    (05:53:25) Gigior: Débora..Como confiar nas informações que devem ser bombardeadas pelos fabricantes de celulares? Como o usuário pode se prevenir se, a partir de agora, a indústria vai trabalhar para desmentir a OMS?

    (05:54:34) Débora Mismetti: Gigior, por enquanto, a indústria não tentou desmentir a OMS. O que o representante dos fabricantes informou até agora é que reconhece que a OMS encaixou o celular na categoria de elementos que devem ser estudados.Até porque a OMS não está dizendo que o celular é cancerígeno, e sim que existe uma possibilidade.

    (05:55:01) Maykon: De todas estas pesquisas, dados, entre outros, o que você poderia nos dizer que há real comprovação?

    (05:56:22) Débora Mismetti: Maykon, sobre celular e câncer não há prova cabal alguma. Parte dos cientistas diz que não é preciso esperar uma prova definitiva para começar a se prevenir. Outra parte prefere esperar mais resultados.

    (05:56:07) ALEX AJU: Debora, falar com o celular enquanto ele esta carregando. aumentaos riscos de adquirir alguma doença, dentre elas o cancer??

    (05:57:00) Débora Mismetti: Alex, não sei se existem pesquisas sobre isso.

    (05:57:22) Débora Mismetti: Obrigada a todos e boa tarde.

    (05:57:59) MODERADORA UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de todos os internautas. Até o próximo!

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