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    Um quinto de quem já sofreu infarto no Brasil continua fumando

    MARIANA PASTORE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/06/2011 07h30

    Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revela que 20% dos brasileiros que já sofreram um infarto não abandonaram o tabagismo e continuam fumando em média 14 cigarros por dia.

    O estudo, que ouviu 610 pacientes em seis capitais brasileiras --São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belém e Goiânia-- entre 15 de dezembro de 2010 e 25 de janeiro de 2011, tinha como objetivo conhecer as percepções sobre saúde entre pessoas que já sofreram uma parada cardíaca.

    Em entrevista à Folha, o cardiologista Otávio Rizzi, chefe da Unidade de Cardiologia da Unicamp que acompanhou o estudo, disse que é importante explicar os riscos do tabagismo, mas para isso o paciente precisa de meios para abandonar o vício.

    "Todo fumante já tentou parar de fumar. Temos que dar meios e apoio psicológico, depois que passa a fase aguda --primeiras semanas após o infarto."

    Segundo o cardiologista, existem três tipos de medicamento contra o fumo --os substitutos da nicotina, os antidepressivos e os remédios específicos para largar o vício. Mas eles só podem ser usados de três a quatro semanas após a fase aguda.

    Ele explica que o fumo atua de diversas maneiras no organismo.

    "Cronicamente, o cigarro lesa a parede da artéria e facilita o aumento do aparecimento da aterosclerose --depósito de gordura nas paredes das artérias. Agudamente, ele compromete o sistema de coagulação, aumentando a chance de formação de coágulo, que acontece nessa placa de aterosclerose, e vai ocluir a artéria."

    Ainda afirmou que a nicotina é tão ruim quanto alimentos gordurosos.

    "Se alguém tivesse o poder de suprimir o cigarro do mundo, a ocorrência de infarto diminuiria em 34%."

    MUDANÇA DE HÁBITO

    Rizzi ainda destacou outros dados interessantes da pesquisa. Um número expressivo não está se tratando e não mudou os hábitos. "Cerca de 80% disseram que fazem consultas de rotina com o cardiologista, mas 20% não mudaram o estilo de vida."

    "Outro dado importante é que, quanto mais cedo o paciente for atendido e tratado, melhor o prognóstico e menor o risco de morte."

    De acordo com o Datafolha, menos da metade dos entrevistados se considera capaz de reconhecer com propriedade os sintomas de um infarto. São eles: desconforto, pressão e dor no peito, além de queimação na região precordial, na boca do estômago.

    A maioria dos infartados ainda não sabe o que significa o termo médico "síndrome coronariana aguda", que engloba o infarto do miocárdio e a angina instável. Apenas 2% dos pacientes foram capazes de citar, de forma espontânea, a síndrome como uma doença conhecida.

    "É uma surpresa, pois é uma terminologia que nós médicos usamos muito. Quem está internado e passou por diversos médicos deveria saber."

    Outra informação é que grande parte dos entrevistados considera a alimentação o primeiro cuidado com a saúde, antes do medicamento. "Isso mostra que o estilo de vida é muito importante, mas só alimentação é pouco", diz o especialista.

    Um estilo de vida saudável é composto de uma alimentação saudável, exercícios físicos e controle do peso.

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