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    Tratamento para câncer de laringe afeta voz dos pacientes

    MARIANA PASTORE
    DE SÃO PAULO

    07/11/2011 17h36

    A marca registrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -a voz rouca- deve ser afetada pelo tratamento do câncer de laringe. Ele recebeu o diagnóstico da doença no último sábado e iniciou a primeira fase da quimioterapia já na semana passada.

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    Como o tumor é de tamanho médio, os médicos descartaram, por ora, a realização de uma cirurgia.

    O tumor de laringe, que atinge entre 8.000 e 10 mil brasileiros por ano, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), ataca mais homens entre 55 e 65 anos, fumantes, ex-fumantes e quem tem hábito de beber álcool.

    MENOS FLEXÍVEL

    A químio e a radioterapia afetam a voz do paciente já a partir da metade do tratamento, segundo especialistas. A pessoa pode sofrer alteração vocal e até perder a voz temporariamente.

    "Tanto a químio, que trabalha com medicamentos, quanto a radiação enrijecem os tecidos das pregas vocais. A perda de flexibilidade dificulta a produção da voz", afirma Mara Behlau, presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

    Durante as duas terapias, a voz pode ficar mais rugosa, rouca e fraca, o que causa desconforto na hora de falar.

    "A fonoterapia ajuda a minimizar o impacto por meio dos exercícios. Porém, algumas equipes médicas preferem deixá-la para o fim do tratamento", afirma Behlau.

    Exercícios de produção de sons, que aumentam a vibração das pregas vocais, manobras musculares para melhorar a condição da laringe e exercícios para treinar a coordenação do ar entre a respiração e a produção da voz fazem parte da reabilitação.

    Um programa como esse dura em média dois meses.

    Após os tratamentos, o objetivo é chegar a uma voz quase igual à original.

    A diretora de fonoaudiologia oncológica do Hospital A.C. Camargo, Elisabete de Angelis, lembra que a dificuldade de falar também causa grande impacto emocional.

    "A pessoa pode sofrer depressão ou se isolar. Quando a voz muda, o paciente não se reconhece mais. Por isso é que a ideia do tratamento não é só a cura do câncer, mas a preservação da voz."

    Outro problema causado pelo tratamento é a dificuldade de engolir alimentos. A fonoterapia também ajuda, segundo de Angelis, mas, em alguns casos, é preciso mudar a alimentação.

    "Tem gente que tem maior dificuldade com líquidos e deve fazer uma dieta mais pastosa. Outros têm dificuldade com comida pastosa."

    SEM LARINGE

    Para casos em que a retirada da laringe é necessária, há três alternativas para a reabilitação vocal. Primeiro, é preciso abrir um orifício na região da traqueia, o chamado traqueostoma.

    A reabilitação pode começar com a voz esofágica: a pessoa aprende a produzir voz expulsando o ar que vem do esôfago.

    É possível também usar a laringe eletrônica, um aparelho que fica pendurado no pescoço. Quando vai falar, o paciente o aproxima do maxilar ou da boca, dependendo do modelo. A vibração é transmitida para a boca e, por meio da articulação, é produzido o som. Mas o resultado é artificial, robótico.

    Outra alternativa é a prótese traqueoesofágica, que é um dispositivo de silicone implantado entre o esôfago e a traqueia. A voz, nesse caso, é produzida por vibrações no esfíncter do esôfago.

    Editoria de Arte / Folhapress

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