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    Corpo humano abriga quase 10 mil espécies de micróbios

    MARIANA VERSOLATO
    DE SÃO PAULO

    14/06/2012 08h52

    Pela primeira vez, pesquisadores mapearam as comunidades de micro-organismos do corpo humano, como bactérias e fungos.

    O Projeto Microbioma Humano, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, publicou ontem um conjunto de 14 estudos nas revistas "Nature" e "PLoS".

    Editoria de arte/folhapress

    As pesquisas usaram técnicas de sequenciamento de DNA para identificar esses organismos e mostrar sua diversidade e abundância nos seres humanos, além de suas funções no corpo.

    Os micro-organismos analisados foram retirados de 242 homens e mulheres. A coleta foi feita em diferentes partes do corpo, como pele, boca, intestino e vagina.

    Até então, só as bactérias do trato gastrointestinal haviam sido catalogadas pelo projeto MetaHIT, que envolve oito países.

    Os pesquisadores concluíram que quase 10 mil espécies de micro-organismos perfazem as comunidades ecológicas no nosso corpo.

    Eles também mostraram que cada parte do corpo tem uma população diferente de micróbios, cada uma com sua função --no caso do intestino, os micro-organismos ajudam a digerir os alimentos.

    O projeto mostrou ainda que cada pessoa tem um microbioma único, com tipos e quantidades diferentes de bactérias para realizar o mesmo trabalho. Uma quantidade alta ou baixa da mesma bactéria não quer dizer que uma pessoa seja mais ou menos saudável.

    James Versalovic, pesquisador do projeto e chefe do departamento de patologia do Texas Children's Hospital, nos EUA, afirma que a maioria dos micróbios no corpo não causa doenças.

    "Esperamos que com esses dados as pessoas fiquem menos paranoicas e não usem antibióticos ou sabonetes bactericidas para tudo. Interferir no equilíbrio do microbioma pode causar mais danos que benefícios."

    Versalovic diz que definir o microbioma de um adulto saudável e saber quais são e o que fazem os micróbios que habitam o ser humano era o primeiro objetivo do Projeto Microbioma Humano.

    Agora, com o material genético proveniente de comunidades completas de micróbios, os próximos passos serão comparar os micróbios de pessoas saudáveis com os de doentes para entender como os problemas se desenvolvem e criar novas drogas.

    Um dos estudos do MetaHIT já mostrou que quem tem menor diversidade de bactérias na flora intestinal tende a ser obeso, a ter mais gordura no fígado e responder pior a dietas.

    "Essa é só a ponta do iceberg. O interessante será observar como os dois genomas --o humano e o dos microrganismos-- interagem", diz Vasco Azevedo, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

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