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    Saiba identificar o TOC; o que os estudos sobre o transtorno revelam

    IARA BIDERMAN
    DE SÃO PAULO

    23/04/2013 03h30

    Uma rede de pesquisadores e instituições de vários Estados do Brasil permitiu ao país montar a maior base de dados existente sobre pacientes com TOC.

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    Completando dez anos de atividade, o C-TOC (Consórcio Brasileiro de Pesquisa em Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo) chegou a conclusões importantes sobre as características e as formas de tratar o problema.

    "Temos evidências de que tanto a terapia cognitivo-comportamental quanto os medicamentos, usados de forma independente, são igualmente eficazes para os casos leves e moderados", diz a psiquiatra Roseli Shavitt, do Instituto de Psiquiatria da USP.

    Em casos mais graves, é preciso combinar a psicoterapia com uma classe de antidepressivos, os inibidores de recaptura de serotonina.

    "Os medicamentos não mudam o comportamento diretamente, mas diminuem a ansiedade e o desconforto causados pelos medos. Já a terapia incentiva o paciente a enfrentar a situação ou pensamento amedrontador sem recorrer aos rituais", diz a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, da Unesp.

    Estudos também mostram que 5% dos pacientes têm melhora completa e espontânea sem tratamento e 20% alternam períodos sem aparecimento de sintomas com fases agudas da doença.

    O que os pesquisadores ainda não sabem precisar são as causas do transtorno.

    "Cerca de 60% dos casos têm origem genética, mas ainda não descobrimos quais são os genes envolvidos", diz a psiquiatra Christina Hajaj Gonzales, da Unifesp.

    Isso não significa que a transmissão seja sempre direta, embora a hereditariedade também conte: filhos de pais com TOC têm 10% mais risco de ter o transtorno, segundo Shavitt.
    Para os médicos, o transtorno é causado pela interação de fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais.

    Em pessoas com predisposição, algumas situações podem desregular o funcionamento de circuitos que conectam duas áreas cerebrais: a região ligada a processamentos de emoções, planejamento e controle das respostas de medo e a área relacionada a informações emocionais, cognitivas e motoras.

    As pesquisas no Brasil e no mundo mostram que o TOC atinge entre 3% e 4% da população em geral, mas a proporção cresce em alguns grupos. Um estudo recente, da Northwestern University, em Chicago, diz que 11% das mulheres que acabaram de dar à luz desenvolvem o transtorno. É uma taxa tão alta quanto a da depressão pós-parto, que atinge 10% das mães.
    O estudo incluiu 461 mulheres que tiveram filhos no hospital da universidade.

    "O parto pode ser um estímulo emocional forte o suficiente para desencadear os sintomas. Além disso, é um período de mudanças hormonais que, em teoria, também podem estar relacionadas ao surgimento do problema", diz Shavitt.

    Editoria de Arte/Folhapress

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