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    Brasil ultrapassa os EUA e se torna líder de cirurgias plásticas

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    29/07/2014 19h54

    O Brasil ultrapassou os EUA em número de cirurgias plásticas e se tornou o líder mundial nessa área, respondendo por 12,9% dos 11,6 milhões de procedimentos.

    O país fez 1,49 milhão de operações estéticas em 2013, contra 1,45 milhão dos EUA, aponta relatório da Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética).

    É a primeira vez que isso acontece, segundo a entidade. No último relatório, em 2011, os EUA lideravam, com 1,09 milhão de cirurgias (contra as 905 mil do Brasil).

    Em número de procedimentos estéticos não cirúrgicos (aplicação de botox, por exemplo), os norte-americanos continuam na frente.

    Para o cirurgião brasileiro Carlos Uebel, presidente da Isaps, o aumento das cirurgias no Brasil se deve, principalmente, à melhoria de renda da classe C. "As pessoas agora têm mais oportunidade para operar", afirma.

    A forte concorrência (são 5.473 especialistas) também levou a uma queda nos preços dos procedimentos estéticos, segundo João de Moraes Prado, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. "Antes, só a classe A e uma parte da B tinham condições de pagar."

    As cirurgias mais frequentes realizadas no Brasil são a lipoaspiração (228 mil), seguida do aumento das mamas por silicone (226 mil) e da elevação dos seios (140 mil).

    Dos 19 tipos de cirurgias plásticas que aparecem na pesquisa, o Brasil é líder mundial em dez, entre elas as de rejuvenescimento vaginal, de aumento de glúteos e as cirurgias de nariz e orelhas.

    As mulheres são responsáveis por 88% das operações estéticas, mas os procedimentos vêm crescendo entre os homens. "Em pesquisas anteriores, eles respondiam por 6%. Estão mais vaidosos", diz Uebel.

    DENÚNCIAS

    Não há informações se o aumento de cirurgias no Brasil levou a um crescimento de erros ou intercorrências envolvendo os procedimentos.

    Para Prado Neto, normalmente "uma coisa leva a outra". Mas ele reforça que 97% dos processos éticos relacionadas à área (289, em 2012) se referem a médicos não especialistas em cirurgia plástica. "Nossa especialidade foi invadida por médicos sem formação adequada", diz ele.

    Para ter título de especialista, explica Prado Neto, são necessárias 15,5 mil horas de curso. "Tem gente operando após fazer cursos de 400, 550 horas, que não são reconhecidos nem pelo Conselho Federal de Medicina nem pelo Ministério da Educação."

    Segundo Uebel, quando as denúncias envolvem cirurgiões plásticos, 60% se referem a problemas na relação entre o médico e o paciente.

    "Acontecem porque o médico não explicou direito o procedimento ou não deu atenção ao paciente. Mas isso vem melhorando."

    LIMITAÇÕES

    O levantamento da Isaps tem limitações, como o fato de reunir informações de 1.567 cirurgiões plásticos-de um universo de 35 mil que foram inicialmente contatados.

    Segundo Uebel, do ponto de vista metodológico, os dados são representativos de 30 países (de um total de 83 países que possuem profissionais afiliados à Isaps).

    "São os países mais expressivos em cirurgia plástica e os profissionais ouvidos que lideram a área em seus países."

    O levantamento durou quatro meses e foi realizado pela Industry Insights, empresa de desenvolvimento de pesquisa em Ohio nos EUA.

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